Wednesday, December 12, 2007

Porque te Amo...

Minha Querida,

Devias ter-me visto hoje pela manhã. Apesar do frio e de ter acordado cedo, saí inexplicavelmente sorridente (talvez porque te Amo). Eu, que tantas vezes passeio cabisbaixo e sorumbático (sem dúvida porque te Amo), hoje senti que algo irradiava dentro de mim mesmo.

Não me queixei do trânsito (porque te Amo), sorri a todos quantos discutiam à minha volta sobre se tinham ou não prioridade (porque te Amo), não me preocupei se estava atrasado (porque te Amo).

Não liguei ao frio que senti (porque te Amo) e imaginei que estava nos teus braços quentes e acolhedores. Não fiz contas à vida (porque te Amo) nem me pus a pensar nos presentes de Natal que ainda me faltam comprar. Não pensei em rigorosamente nada que afectasse este estado de espírito tão salutar (porque te Amo).

Limitei-me a ouvir uma série de músicas que me fizeram pensar em ti (porque te Amo) e atrevi-me a cantá-las alto (porque te Amo) como se sonhasse que tu me poderias ouvir.

Não me lembrei de tantos momentos menos felizes que vivi (porque te Amo), nem perdi tempo a carpir mágoas. Não fiz planos para hoje nem para amanhã, nem planeei a minha vida no ano 2008. Mas senti-te cá dentro (porque te Amo), presente de uma forma que nem eu mesmo te sei explicar (talvez porque te Amo).

Passo a passo, palavra a palavra, fui escrevendo na cabeça as palavras desta carta que iam sendo ditadas pelo coração que certamente te Ama. Apenas pensava em chegar a casa e passar tudo isto para o papel (porque te Amo).

Tinha tanto mais para te escrever (porque te Amo), tinha tanto mais para te dizer (porque te Amo), tinha tanto mais para partilhar contigo (porque te Amo). Por ora quero apenas (porque te Amo) calar-me, sentar-me quieto em qualquer canto recolhido e deleitar-me com todo o Amor que, de uma ou outra maneira, me fazes sentir (porque te Amo).

Beijos grandes

P.

P.S. – Obrigado por me inspirares. Obrigado por me fazeres sentir como fazes. Por me fazeres sentir isto e aquilo, por me fazeres viver, por me fazeres sorrir, por me fazeres chorar. Obrigado por tudo.

Tuesday, December 04, 2007

O preço de viver sem Amor

Meu Amor,

Tenho uma folha branca à minha frente. Vazia, inerte, morta, desprovida de qualquer emoção, boa ou má. As palavras, que outrora corriam leves umas sobre as outras, são hoje pesadas, presas, paradas. Os sentimentos que se atropelavam uns aos outros, mas que floresciam sem qualquer dificuldade, definham agora num coração que está como a folha branca à minha frente.

De nada me adianta pegar em mil e uma canetas, trocar de folha, procurar as palavras onde sei que nunca as encontrarei, vasculhar os buracos mais escondidos da minha Alma na tentativa de recuperar os sentimentos há tanto tempo perdidos. Tocaste tudo. Contaminaste tudo. Estragaste tudo.

Não me sinto bem nem mal. Já não morro de saudades tuas. Já não sonho contigo. Não tenho a mínima esperança de te rever. Não penso nem quero que faças parte da minha vida. Não quero ver-te, ouvir a tua voz ou ler as tuas palavras. Curei-me de ti.

O problema de toda a cura são as mazelas que nos deixam cá dentro. Para superar a tua ausência aniquilei todo o meu interior e agora sou apenas uma ruína, um amontoado de pedras que outrora foram um Palácio. Sobrevivo sem ti, mas a que preço? Pago sem sangue o preço de viver sem Amor.

Procuro dentro de mim mesmo uma réstia de paixão que me faça reerguer das cinzas e nada encontro. Apenas um coração vazio, inerte e morto que desistiu de bater...

Wednesday, November 28, 2007

Escreve-me...

Minha Querida,

Escrevo-te a medo. Ando há tanto tempo perdido que temo já não saber sequer escrever. Desencontrei-me entre a realidade em que já não vives e o sonho que eu construí para nós dois e onde vagueio sozinho. E fui calando as palavras cá dentro, empurrando-as para impedi-las de me atormentar.

Calei palavras de Amor para não sofrer, engoli a dor para tentar sorrir, escondi sonhos para não acordar. Fingi, sobretudo fingi. Passeei incólume no mundo sem me preocupar com o que parecia não sentir. Mas cá dentro uma voz persistia em falar. Voz essa que, apesar dos meus esforços para não a ouvir, é a minha verdadeira voz.

O problema, meu Amor, é que de tanto calar aquilo que eu tenho de escrever, dizer, sentir, acabei por desaprender e hoje não sei se o consigo voltar a fazer. Por isso te escrevo. Porque preciso de ti. Porque preciso da tua ajuda. Porque preciso de todo o teu sentimento, de todo o teu Amor. Preciso que me ensines a sentir. Preciso que me ajudes a desprender todas as palavras que, por tua causa, calei. Preciso que extraias do fundo da minha Alma todos os sentimentos que agora me sufocam e estrangulam.

Espero-te... Qual criança que espera o concretizar de um sonho, como um cão que aguarda a chegada do dono, como uma flor que anseia pela chuva que a faça crescer.

Fecho os olhos... e sonho.

Thursday, September 20, 2007

Carta antiga de Orfeu

Que dor...

Que dor ler-te, que dor não ver-te, que dor perder-te...Que dor...

Cada qual age consoante o que o coração ou a razão lhe mandam. Uns agem mais com o coração, outros com a razão. Uns arrependem-se dos passos dados, outros orgulham-se deles. Uns seguem em frente e outros recusam-se a deixar para trás o Amor da sua vida. Uns resignam-se e desistem, outros esbracejam e fingem lutar…mesmo quando não o conseguem…

Nunca te censurarei por nada. Nunca levarei a mal a opção que tomares (e que estás a tomar). Se calhar até será melhor assim…Se calhar assim manterei, manterás ou manteremos vivo dentro de mim o Amor que jurei, e juro, te devotar. Desde a primeira vez que to disse (ou que o senti…), até ao último suspiro da minha vida (se calhar até depois deste).

Só que eu, Orfeu, encontrei em ti mais do que uma mera mulher. Encontrei em ti a minha Eurídice…por alguma razão serás sempre a minha Eurídice…Por isso, quando me falas em fugir, para mim isso significa deixar a minha Alma para trás. Vi-te partir e contigo partiu a minha Alma. Agora sem ti sou um invólucro vazio. Nada faz sentido, nada brilha como tu…

Poderia seguir em frente, poderia até fugir de ti. Para quê? Para seguir sozinho com o Mundo à minha volta? Para seguir desencantado com o Mundo? Acho que prefiro sentar-me e esperar…O quê? Nada! Esperar nada! De que me adiantaria procurar a felicidade momentânea, fugaz, fútil, vazia? Por uns momentos de prazer? Por uns momentos em que eu fingisse ser feliz? Não sou…

Por vezes penso que gostaria de ser como as pessoas normais e não carregar comigo os Amores que me dilaceraram o coração, mas que fizeram de mim a pessoa que sou hoje. Mas isso seria a maior ofensa que eu faria ao Amor. E não há nada que eu queira fazer que o desonre…

Que dor deve ter sentido Orfeu ao ver que o olhar que lançou à mulher da sua vida a fez desaparecer para sempre. Que dor deve ter sentido Orfeu ao sentir que, a partir desse momento, nada mais fez qualquer sentido e que ninguém poderia suplantar a “sua” Eurídice. Que dor deveria ter sentido Orfeu se soubesse que a “sua” Eurídice preferiria seguir em frente para não sofrer. Que dor sinto eu…

Posso não viver a “felicidade momentânea das coisas”, mas certamente continuarei a Amar…
Com um beijo do tamanho do Mundo. Do tamanho do Mundo que me tirou esse beijo.

Orfeu

Thursday, July 05, 2007

De repente, não mais que de repente...

(título "roubado" ao Soneto da Separação de Vinicius de Moraes)


Meu Amor,

Talvez não acredites naquilo que te escrevo. Talvez não acredites porque me lês à distância e não consegues ver o meu olhar que tudo certificaria. Talvez não acredites porque o teu coração magoado e sofrido perdeu tanta da fé que tinha outrora que hoje é só hesitação e medo.

Mas a verdade, aquela que eu te escrevo e que o coração me dita, é que foi tudo assim, de repente, inesperado, súbito. Como um tremor de terra que nos abala o corpo e as estruturas de betão armado, desta vez foram os nossos corações abalados por alguma coisa que ainda não tem qualquer escala de medição (julgo eu) assim tipo Richter.

A grande diferença entre este abalo e os sismos terrestres é que no primeiro caso os efeitos permanecem e custam a desaparecer. E olha que não te falo de quaisquer consequências nefastas como ondas gigantes ou edifícios que desabam. Falo da sensação do tremor cá dentro, da bola no estômago, do coração descompassado e com arritmias, da impressão de estarmos virados de pernas para o ar.

Já tentei de tudo para escapar a estes sintomas: respiração com o diafragma, exercícios de ioga, analgésicos, calmantes, até fumei um cigarro imagina tu, nos dias que correm, um cigarro!!!! Nada funcionou. Estou certo que só o teu olhar me curará deste mal que me atingiu tão repentinamente. Que os teus beijos acalmarão o meu espírito. E que, ainda que me vires de pernas para o ar, será o teu corpo encaixado no meu que saciará finalmente o meu ser.

Friday, June 29, 2007

Eu acredito em magia

Meu Amor,

Acreditas em Magia? Naqueles momentos em que, por artes que tu e eu desconhecemos (desconhecemos?), tudo se transforma sem que sejamos capazes de dar por isso?

Agora imagina que lês e relês todas as cartas de Amor que aqui escrevi e que, de repente, num desses passes de magia, finalmente percebes que todas elas te são dedicadas. E que nesse momento mágico – pelo menos para mim – consegues sentir todo o Amor que eu sempre te quis enviar sem saber como. E que por um breve instante os nossos corações se tocam. Assim, à distância, sem que os nossos olhos sequer se cruzem.

Diz-me: o que farias? Ficarias lisonjeada e orgulhosa por seres a razão de todo este sentir? Serias capaz de me Amar de volta? Fugirias a sete pés deste louco apaixonado? Procurarias a minha boca sôfrega por te beijar? Rejeitarias este Amor honesto e desinteressado? Chorarias de comoção? Ririas de mim? Diz-me...

Todas as cartas que te escrevi (sim, te escrevi) encerram em si um pouco da minha Alma, muitos dos meus sentimentos, sonhos perdidos, beijos lançados ao ar, mãos estendidas, apelos, tantos apelos, abraços dados ao desbarato, promessas de Amor eterno. Tanta coisa deu origem a estas palavras, tantas coisas querem estas palavras dizer. E, no entanto, com o tempo as palavras passam, ficam gastas de tanto lidas, esquecidas mofam nos cantos, perdem-se no esquecimento daquelas que não foram por elas encontradas. Mas e tu? Tu, que és a sua verdadeira dona; tu, que és a razão de ser destas palavras; tu, que nasceste para ouvir da minha voz as mais belas declarações de Amor, que farás tu com esta Magia que te entrego agora de mão beijada?

Tuesday, June 26, 2007

Não julgues...

Não julgues que te Amo por obrigação. Porque a isso me comprometi, porque te jurei eterno Amor. Ainda que isso tivesse algo de louvável, não é certamente essa a razão do Amor que te tenho.

Não penses que te Amo por qualquer tipo de masoquismo poético. Porque me fascina o Amor doído, saudoso, inatingível e impossível. Ainda que esses sentimentos fossem inspiradores, não são esses que me conduzem.

Não vejas no meu Amor algo do destino. Algo do qual não seja capaz de fugir, algo escrito, predestinado, definido sem que eu - ou tu – tenha qualquer tipo de influência. Ainda que isso aliviasse a minha consciência, não sei se o destino teria força para este Amor.

Não olhes para o meu Amor como fruto de uma loucura interminável. Como se tivesse sido a falta da razão a causa deste Amor. Talvez o contrário... Ainda que admita por vezes a coexistência do Amor e da loucura, acredita que não me sinto nem mais nem menos louco do que antes de te Amar.

Não procures razões, causas, lógicas, questões, explicações para este Amor. Ou para qualquer Amor verdadeiro que te tenham. Ou que sejas capaz de ter.

Não sei porque te Amo. Mas sei que Amo. Sei como me sinto por dentro quando ouço a tua voz, quando te leio, quando te sonho. Conheço a sede que tenho de ti, do teu Amor, do teu carinho, dos teus sonhos. Respiro-te diariamente através de todos os poros da minha existência. Existes dentro de mim a cada batida do meu coração. Alojaste-te no mais recôndito esconderijo da minha Alma e pairas hoje em tudo o que eu seja capaz de sentir. Não existe qualquer segundo sem que permaneças dentro de mim e comigo.

Por tudo isto, e por tanto mais que nunca seria capaz de te explicar, não disseques nem analises o meu Amor por ti. Não te peço que me compreendas. Não te peço que aceites. Não te peço que me Ames. Apenas te peço que não penses...

Monday, May 28, 2007

Você não me ensinou a te esquecer



Caetano Veloso

Composição: Bruno Mattos / Odair José

Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto

E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro

Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho

Tuesday, May 15, 2007

Palavras leva-as o vento...

Sabes... Sempre pensei que tinha sido a tua ausência a razão para eu te escrever mil e uma cartas de Amor. Que era a impossibilidade de te ver, ouvir, sentir, tocar que me fazia desfazer em palavras. Pensava eu que, dessa forma, talvez te pudesse alcançar. Não me deixaste qualquer outra alternativa...

Partiste um dia sem sequer me prevenir. Deixaste-me só sem, no entanto devolveres o Amor que eu te havia entregado. Desapareceste sem deixar qualquer rasto, ficando eu cativo do sonho que fui construindo sozinho.

Por isso triturei o meu coração em pedacinhos pequeninos, derreti os pedaços que deixaste da minha Alma, libertei os sentimentos que me atormentavam, só para construir palavras e palavras e edificar monumentos em tua homenagem. Pensava eu que isso, por si só, seria suficiente para manter um Amor vivo e forte.

Só que me havia esquecido de algo muito importante. Palavras... leva-as o vento. E, por mais belas e sentidas que tenham sido as cartas de Amor que te escrevi, de nada me valeram, pois o silêncio que recebi em troca fez delas meros pedaços de papel com gatafunhos à mistura. Tudo aquilo que senti esfumou-se por nunca ter atingido o seu destino.

Apercebo-me hoje que o Amor nunca pode ser unilateral. Bastava que me lesses, que me ouvisses, que deixasses que eu te olhasse de longe. Assim...não passas de uma miragem, que eu não vejo, que eu não ouço, que eu não leio e que, por não existires de verdade, eu não posso sentir.

Ao tomar consciência desta triste realidade em que me encontro (ainda que saiba que esta consciência será provisória), descubro em todas as minhas palavras um objectivo que antes me era desconhecido – talvez ainda esteja a sonhar... Desfiz-me em palavras? Desmanchei-me em letras intermináveis? Derreti todos os meus sentimentos na busca da frase perfeita? É claro que sim. Só que aquilo que eu procurava, minha querida, não eram afinal os teus olhos, racionais e sensatos, mas sim o cuidado de alguém que, paciente e carinhosamente, me lesse, coligisse, mimasse e aos poucos colasse o coração que tu partiste.

Tuesday, May 08, 2007

Para ti...

Para ti...

Para ti que acreditas no Amor verdadeiro, naquele Amor que nos consome por inteiro, no Amor que não nos deixa pensar.

Para ti que suportas as dores do Amor com um sorriso preso entre as lágrimas que te ferem a Alma, que não te resignas ao fácil e inócuo, que consegues ver o Sol por detrás das nuvens mais densas.

Para ti que sonhas voar, que fazes dos sonhos mais exóticos uma estória de encantar, que escreves poesia com um gesto ou com o olhar, que fazes dos céus o teu próprio lar.

Para ti que fazes do carinho a tua filosofia, que sabes que o Amor é a única via, que vives com a mesma fé a tristeza e a alegria.

Para ti que sentes bem fundo o que é Amar alguém, que entregas o teu corpo e a tua Alma sem o mínimo receio, que te abstrais do Mundo e da realidade por causa do Amor.

Para ti que persegues o Amor que seja infinito, que procuras quem te complete ainda que saibas que nada terá fim.

Para ti que Amas...Sem palavras, sem gestos, sem nada...

Para ti entrego todo o meu Amor: pedacinho por pedacinho, triturado, moído, por inteiro. Para ti dedico as minhas palavras ou os sentimentos que estas tentam traduzir. Para ti estendo a minha mão, o meu apoio, a minha dor. Para ti vivo, para ti existo. Para ti sinto...

Para ti...

Monday, May 07, 2007

Diz-me...

Meu Anjo,

Diz-me que ainda te lembras dos meus beijos. Da forma como as nossas bocas se encaixavam e se encontravam como se de peças de um elaborado puzzle se tratassem. Do sentimento que as nossas línguas transmitiam na ausência das palavras. Da paixão que os nossos lábios emanavam enquanto se colavam uns nos outros.

Diz-me que nunca mais encontraste alguém que te olhasse tão fundo como eu. Alguém que apenas com os olhos entrasse dentro da tua Alma e perscrutasse todos os teus segredos. Diz-me que todos os olhos que te olham agora são baços, frios e insípidos se os comparares com os meus enquanto fitavam os teus.

Diz-me que o teu corpo não mais esqueceu o meu toque, as minhas mãos que te percorriam a pele na busca de entender algo que nem sequer se deve entender. Diz-me que o teu corpo nunca mais se entregou como outrora, que hoje o teu mundo é a preto e branco e que as cores foram levadas pelo destino.

Diz-me que sentes falta das minhas palavras, dos meus sussurros apaixonados nos teus ouvidos, das declarações de Amor que eu te fazia sem perceber sequer que as estava a fazer, quando para mim apenas estava a constatar a realidade. A nossa realidade, mas a realidade contudo...

Diz-me que morres de saudades da vida que os dois descobrimos para o nosso Amor. Dos nossos encontros perdidos, do tempo parado à nossa espera, do Mar, da Lua, dos campos, das praias, de tudo o que o mundo concebeu para nos Amarmos.

Diz-me que nada mudou. Diz-me que lá dentro ainda está tudo igual. Diz-me que eu ainda sou o teu Principezinho. Diz-me para que eu possa acreditar que não foi tudo apenas um sonho. Diz-me para eu deixar de ter medo de não mais voltar a sonhar.

Monday, April 30, 2007

Até parece


Marisa Monte

Até parece
Que não lembra que não sabe
O que passou
Não faz assim
Não faz de conta que não pensa
Em outra chance para nós dois
Olha pra mim
Não me torture, não simule
Não me cure de você

Deixa o amanhã dizer
Deixa o amanhã dizer

Tuesday, April 24, 2007

Quando o silêncio é tudo...

Minha Querida, sempre Querida,

Aqui estou sentado em frente ao frio e cru computador. Preso a ti. Preso ao teu silêncio. Preso ao Amor que te prometi. E nunca se devem quebrar promessas de Amor, dizem.

Fecho os olhos para que o coração fale mais alto. Fecho os sentidos para que a minha Alma escreva as palavras que a razão preferiria esconder. Fecho-me do Mundo para que possa estar mais perto de ti. Deixo que invadas todo e qualquer sentimento que possua e sinto o coração verdadeiramente repleto de uma emoção que ameaça transbordar. Por isso te escrevo. Para não rebentar por dentro. Para não infectar. Para não perder o teu Amor.

Amo-te. Creio que o sabes tão bem quanto eu o sinto. Não é de hoje, não é de ontem e, seguramente, não morrerá esta Amor de um dia para o outro. Ousaria dizer que não morrerá nunca, mas que sei eu do sempre?

Pudesse eu dizer-te o quanto te Amo a toda a hora, gritando-to, sussurrando-to, mostrando-to e não precisaria usar estas palavras que me descobrem por aí. Mas, meu Amor, o silêncio que tenho é tudo o que me resta, é tudo o que me sobra de ti. É, por isso, a esse silêncio que me agarro com todas as forças que ainda tenho.

Trocava esse silêncio todo por um sorriso teu. Mas, condenado que estou a não ver o teu sorriso, acarinho o silêncio que me deixaste como a mais bela recordação que guardo no baú de memórias que fizeste questão de me oferecer. É nele que te posso reencontrar. É nele que te posso Amar à minha vontade e ao meu bel prazer.

As lágrimas que teimo em não verter caiem cá dentro inundando a minha Alma. Tal como o silêncio, espero que estas possam fazer crescer flores que eu possa te devolver.

É estranho como me ocupas a vida, a Alma, as letras e as palavras. Só não preenches o silêncio onde agora vives...

Monday, April 16, 2007

O verdadeiro Poeta Aprendiz

Para quem estivesse curioso sobre quem é o Poeta Aprendiz...

Este era o verdadeiro... Eu sou só aprendiz de Aprendiz


Poema autobiográfico de Vinicius de Moraes musicado por Toquinho
Versão e desenhos de Adriana Calcanhotto

Ele era um menino
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante
Anos tinha dez
E asas nos pés
Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc
O olhar verde gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina
Seu corpo moreno
Vivia correndo
Pulava no escuro
Não importa que muro
Saltava de anjo
Melhor que marmanjo
E dava o mergulho
Sem fazer barulho
Em bola de meia
Jogando de meia-direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar
Amava era amar

Amava Leonor
Menina de cor
Amava as criadas
Varrendo as escadas
Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Com beijos e rimas
Amava suas tias
De peles macias
Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder
Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita
Por isso sofria
De melancolia
Sonhando o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser

Friday, April 13, 2007

Porque eu sei que também me Amas...

Meu Amor,

Sabes que até eu, raras vezes admito, me vejo levado a pensar no quão ridículo sou por te escrever tantas cartas de Amor. Não que eu não o sinta, antes pelo contrário, sinto porventura muito mais do que as minhas pobres palavras são capazes de transmitir. Mas porque não sei para quem escrevo, já que nada me respondes que me faça ter a certeza que és mesmo tu Aquela que eu Amo.

Bem sei que o Amor que te tenho, que te devoto e que te prometi outrora é (ou deveria ser) incondicional, eterno e imutável. Mas também sei o quanto gostaria de ouvir da tua voz ou das tuas letras o Amor que também me prometeste. Prometeste? Ou fui eu que inventei essas promessas?

Nessas raras vezes em que me sinto ridículo, dou por mim a tentar descobrir as razões que tens escondidas e que te levam a esconderes-te de mim. Sim, porque nunca me passaria pela cabeça que simplesmente tivesses largado o Amor que me tinhas nalgum canto escondido e sujo.

Confesso-te que nunca encontro qualquer razão suficientemente lógica ou plausível. Nenhuma que fosse capaz de subjugar o Amor que vivemos noutros tempos.

Daí que, na ausência de respostas lógicas, a resposta menos óbvia é a verdadeira: ainda me Amas. Nunca me deixaste de Amar. Talvez dessa forma consiga explicar um Amor que persiste em me marcar e não me largar. Talvez dessa forma não me sinta tão ridículo.

Não quero, pois, saber os porquês do teu silêncio. Um dia mos revelarás. Olhos nos olhos. Até lá...sabes bem que eu te continuarei a Amar. E a escrever mil e uma cartas de Amor. Sejam estas ridículas ou não, como o meu Amor, serão sempre, sem qualquer dúvida, o espelho de quem escolheu morrer de Amor.

Tuesday, April 10, 2007

Nem sempre penso em ti. Só quando existo...

Nem sempre penso em ti. Só quando existo...

Minha Querida, ai minha querida,

Tu sabes, tão bem quanto eu, o quanto sou exagerado, como transformo, quase sem o saber, um leve sentimento numa grande paixão. Tu sabes que para mim basta ouvir a palavra certa dita no momento apropriado para eu me cativar. Tu sabes quão grande é a minha sede pelo Amor. Tudo isso, que tu tão bem sabes, seria por si só suficiente para que eu me questionasse em relação aquilo que tu significas para mim.

Será do meu exagero? Do teu encanto? Da minha sede de Amor? Do destino? Do triste fado? Do acaso... como se o Amor fosse obra do acasso...

A verdade, minha querida, mesmo que possa nada ter de verdadeiro, é que estás permanentemente presente na minha vida, no meu pensamento, no meu coração. Em cada palavra que uso, em cada frase que procuro, encontro sempre o teu nome. Escondido, oculto, como se de uma assombração se tratasse. Em cada pedra do caminho sinto a tua presença, apareces nos meus sonhos, ouço a tua voz no vento que sopra ao final da tarde, sinto a tua mão a tocar-me através dos raios de Sol que me aquecem o corpo sem me tocar a Alma.

Percebo agora – já o tinha percebido mesmo que não o soubesse – que me acompanhas para onde quer que eu vá. Porque fazes parte da minha vida? Porque eu sou simplesmente exagerado? Porque aquilo que eu sinto por ti é aquilo a que chamam Amor eterno e verdadeiro? Porque me condenaste?

Eu só queria ser Amado. Como tantas pessoas o sonham. Não sou nem mais nem menos do que os outros. Queria poder fazer-te feliz. Queria fazer-te sorrir todos os minutos em que estivesse ao teu lado. Se eu estivesse ao teu lado...

Assim, limito-me a pensar em ti, a viver-te no meu pensamento. Não o faço por vontade, acredita. Faço-o porque já não me é possível viver sem ti...

Wednesday, March 07, 2007

Sabes lá tu o que é Amar...

Sabes lá tu o que é Amar
Querer arrancar com as mãos o coração
De raiva, desespero, de dor.
Viver apenas p’lo Amor
Não conseguir mais respirar.
Perder por completo a razão,
Nada mais fazer sentido.
Cair ao chão porque perdido
E gritar calado, mas gritar.
Ter de agüentar a solidão
De estar só no meio da gente
Sorrir a fingir, mas indiferente,
A tudo quanto se passa.
Chorar sem verter uma lágrima
Num sofrimento tão profundo
Que nem o buraco mais fundo
Há-de conseguir apagar.
E levar essa dor pelo peito
Como marca viva do Amor
E hasteá-la bem alto no ar.

É abraçar a tristeza na vida
E fazer dela o meu caminho
Pois sem ela estou sozinho
E a minha Alma? Perdida.
Sabes lá tu o que é Amar
E jurar o Amor eterno
Que nunca se há-de apagar.
E com ele enfrentar a tormenta
Que quase ninguém agüenta
Pois é grande a força de Amar.
Pelo Amor suportar tudo
Até a maior humilhação
Carregar a dor num grito surdo
E transformá-la em oração.
Não, não sabes tu nada disso
Falas-me tu em Amor...
Se ao menos soubesses a dor
Que sempre carreguei em minh’Alma
Talvez tivesses pudor
De me descrever sobranceira
O que sentes à tua maneira.
Se acaso tiveres a coragem
De morrer agora por Amor
Levarei eu a bandeira
Desse Amor a vida inteira
Ao transportar o teu andor.
Mas se assim não é, deixa-te estar
Não é pecado, meu Amor
Sabes lá tu o que é Amar...

Friday, February 16, 2007

Alma Gémea

Meu Amor,

Estou longe de ti. A distância, o tempo, a vida e a razão, tudo parece nos condenar a viver separados. Não te vejo, não te ouço, não tenho nada palpável que justifique este Amor que te devoto. E, no entanto, há algo que suplanta todos esses obstáculos. Não me peças que te explique algo que só sei sentir. Não tenho qualquer resposta para as tuas perguntas racionais e sensatas. O que sei, porque o sinto, é que nada nem ninguém te pode substituir. Porque és tu a minha Alma Gêmea. Porque és tu a metade que me falta e que me faz caminhar desequilibrado, que me faz sentir incompleto, que me faz procurar, procurar, procurar algo que eu sei bem já encontrei.

É por isso que eu resisto à facilidade que seria deixar-te para trás, esquecer-te, apagar-te do meu coração. Mesmo que tal fosse possível (não é) espero que saibas que eu ainda te acarinho no calor da minha Alma. Em segredo, em silêncio, embalo o Amor que te tenho e que nunca deixarei.

Tantas vezes se usa em vão a palavra Amor. Tantas vezes se comete o sacrilégio de se falar de Amor sem saber do que se fala. Ou do que se sente. Amar é carregar a alegria e a dor por termos a nossa Alma invadida por um ser estranho. Amar é sermos levados pela brisa, rodopiarmos com um remoinho e acabarmos arrastados pelo furacão. Amar é transportarmos a razão do nosso Amor dia após dia, após dia, após dia.

Eu sei que te Amo. Da mesma forma como sei que sempre te Amarei. Não porque o saiba de verdade. Mas porque o sinto. Gravado na minha Alma da forma mais perene. És tu quem eu encontro sem encontrar todos os dias da minha vida.

Não sei se algum dia me completarás. Sei que sem ti estarei incompleto.

Wednesday, February 14, 2007

Pensavas que eu me tinha esquecido?

Querida Eurídice,

Diz-me...Pensavas que eu tinha esquecido esta data? Pensavas que eu te tinha esquecido? Pensavas que bastava o tempo, a distância e o silêncio para apagar tudo o que eu sinto por ti? Pensavas que o Amor eterno que te prometi não passava de um sonho, de uma ilusão?

Estou aqui. Sempre estive aqui. À tua espera. À espera que o tempo passe, que a minha vida pare até que a tua encontre a minha. Por mais passos que eu dê, por mais caminhos que eu siga, por mais que respire, corra, grite, cale, sonhe, durma ou fuja, acho que estarei sempre aqui. Sem te esquecer por um segundo sequer...

E hoje...Hoje lembrei-me mais um bocadinho. Nem sequer sabia que isso era possível. E, como não tenho como te alcançar, passei a noite a limpar o céu das nuvens que te fazem triste. Neste dia tinha de nascer o Sol para te fazer sorrir. Talvez cantes alguma música. Talvez essa música te faça pensar em mim. Talvez te lembres do caminho para me alcançar...

Se eu pudesse entregar-te-ia o Sol, o céu, o Mar, a Lua. Para que tivesses a certeza que nunca te esqueço. Abdicaria de todos eles para que soubesses que não te tendo de nada me servem. Abdicaria de mim mesmo se soubesse que isso te faria feliz.

Sei que hoje voarás mais leve. O teu lugar é lá em cima e não cá em baixo. Por isso hoje percorrerei o céu com todos os meus sentidos à tua procura. Pode ser que seja o meu dia de sorte. Pode ser que tenha a felicidade de ver a tua sombra, de cheirar o teu perfume natural, de te sentir perto de mim, de ouvir a tua voz. Já nem sequer sonho saborear o doce mel da tua boca...

Onde quer que eu esteja, onde quer que tu vás, ainda que os caminhos que trilhamos sejam em mundos diferentes, acredita que hoje, assim como em todos os dias da minha vida, estarei a pensar em ti...

O teu

Orfeu

Monday, February 12, 2007

Diz que me Amas...

Minha Querida,

Diz que me Amas...Há quanto tempo não o dizes? Já alguma vez o disseste? E nessas parcas vezes em que o disseste timidamente, sentiste aquilo que dizias? Diz que me Amas...Mas não te limites a emitir palavras vazias, desprovidas de Amor. Diz que me Amas com a tua Alma. Com os teus olhos, com as tuas mãos, com a tua boca.

Se tu ao menos soubesses como eu preciso de ti. Como eu preciso desse Amor que eu sei que vive dentro de ti, nesse pequeno coraçãozinho. Preciso do teu pulsar como se do meu se tratasse. Preciso dos poemas de Amor que nascem nos teus olhos e morrem na folha de papel onde as minhas mãos os tentarão escrever. Preciso do conforto dos teus abraços. Preciso...Juro que preciso...

Não imaginas o quanto eu tento viver sem tudo isso. Seguir em frente sem qualquer recordação, sem passado, sem olhar para trás. O que não entendes é que o meu corpo foi contaminado, a minha Alma possuída e que Eu, seja lá o que isso for, carrego bem dentro de todo o meu sentir essa necessidade que tenho de ti. Já sou alheio à minha própria vontade. Levo-te comigo sem que comigo estejas. Daí o vazio...

Por isso imploro-te, mais uma vez, diz que me Amas...Uma só vez. Pode ser ao de longe. Mas que o digas com toda a tua Alma. De maneira que o grito surdo que só eu sentirei possa destruir por completo esta vã existência de caminhar sem ti.

Sossega a minha Alma e o meu coração, ainda que a minha vida continue perdida. Diz que me Amas...

Sunday, January 21, 2007

I'm still here

Não sei por quanto tempo estarei ausente. Até lá...



(Tom Waits/Kathleen Brennan)

You haven't looked at me that way in years
You dreamed me up and left me here
How long was I dreaming for
What was it you wanted me for

You haven't looked at me that way in years
Your watch has stopped and the pond is clear
Someone turn the lights back off
I'll love you 'til all time is gone

You haven't looked at me that way in years
But I'm...still...here

Tuesday, January 16, 2007

Talvez percebas porque vivo em sonhos

Meu Amor,

Não sei se sonho enquanto te escrevo, se escrevo enquanto te sonho. De qualquer das maneiras, com a realidade é que eu não quero nada. A realidade traz consigo as regras, os códigos de conduta, o possível – e nunca o impossível que é o que eu quero – a racionalidade, os juízos de valor. E, pior do que isso tudo, não te traz para perto de mim.

E eu, como apenas quero Amar-te – não vejas neste apenas algo dimunitivo. Antes pelo contrário – prefiro entreter-me com os sonhos. Pelo menos neles eu posso Amar-te à minha vontade. Posso exagerar, posso radicalizar, posso fazer o que me der na real gana, posso me entregar todo, inteiro, de corpo, Alma, vida e sonhos inclusive. E posso ter-te ao meu lado no momento em que eu quiser.

Já sei que estarás com os teus pensamentos racionais a pensar nas conseqüências disto e daquilo. Que o acordar será ainda mais difícil, que depois desse sonho a realidade parecerá negra, que corro o risco de me perder nessas ilusões que eu crio. E daí? Não percebes que a realidade para mim é simplesmente vazia? Que os dias passam pelo meu corpo e que a minha Alma vai definhando cá dentro. À espera...

Uma das vantagens desta forma estranha de Amar é que, apesar das tuas vontades, da tua racionalidade, da tua férrea vontade de me resistir, neste Mundo quem manda sou eu. E aqui serás sempre subjugada pela minha capacidade de sonhar. E eu sonho...Sonho que te Amo. E Amo...Tu sabes que eu te Amo. Sabes tão bem quanto sabes que existem Amores verdadeiros. Que suportam e vencem tudo.

É bom sonhar...Às vezes é o único caminho. Às vezes nada mais faz sentido. Às vezes é o único meio de sorrir. Então...esquece o Mundo. Por um dia, por uma hora, por um segundo. E sonha...E deixa-me sonhar contigo...

Wednesday, January 10, 2007

Carta Aberta

Quando em tempos idos criei este espaço, era apenas o MEU espaço. Um segredo que guardava a minha intimidade, um escape para todo o meu sentir, um museu para algo que eu outrora julgava que me pertencia apenas a mim. Ou também ao destinatário das minhas missivas.

Não imaginava esse refúgio a ser visitado, não me via a partilhá-lo com desconhecidos, não procurava nada nem ninguém. Criei este espaço para desabafar, para poder ouvir o eco do silêncio que ressoava após a libertação das minhas palavras.

Aos poucos fui revelando o que guardava cá dentro, convidando pessoas a visitar extratos do meu coração, a sentirem as minhas palavras, a lerem os meus sentimentos.

Não o fiz por vaidade, pela popularidade barata que todos nós procuramos, para ouvir elogios ou ser admirado. Fi-lo porque preciso de sentimentos à minha volta, preciso de sentir que toco as pessoas, preciso de as tocar. Nada mais me importa.

Em nenhum momento deixei de sentir o que escrevi. Por mais olhos que me olhassem, consegui sempre abstrair-me deles ou, pelo menos, não deixei que estes interferissem na minha forma estranha de sentir. Pelo contrário, deixei que os sentimentos que pairavam à minha volta me inundassem de mais e mais sentimento. Como se tudo fosse uma gigantesca sede de Amar que eu sei nunca será saciada.

Procurei-vos, sim. Porque preciso de Amor. Porque preciso de ser sentido. Porque preciso de ser Amado.

Haverá algo mais importante do que isso?



Elvis Costello – I Wanna be loved


Why must I be so lonely?
When so many people pass me by
I’ve been waiting for oh so long now
And yet I’m unable to answer why
I can’t be made to give up now
Can you find room for me
In your heart somehow?
I wanna be loved
I just wanna be loved

I guess I’m a victim of loneliness
But why should this be my destiny?
A foolish man for a lot of my life
Shouldn’t there be someone
Someone for me?
I hope and I pray some happy day
That I’ll be around to hear you say
I wanna be loved
I just wanna be loved

Monday, January 08, 2007

Com o coração nas mãos

Minha Adorada,

Escrevo-te com o coração na boca. Ou nas mãos. Ou na ponta dos dedos. Cá dentro deste tórax vazio e insensível é que ele não é aproveitado. Não para o que deve...Para bombear sangue lá vai servindo. Mas de que me serve o sangue a correr se eu não tiver Alma que o aqueça?

Por isso, olha, ponho o coração naquilo que te escrevo, naquilo que sinto, na forma como vivo, tento viver, ou finjo que vivo. É para me sentir vivo, percebes? Se não fosse por isso mais me valia que me fechassem já numa vala escura e fria. Qual é a vantagem de se ver a luz do dia se não se tiver Amor? Vês alguma? Se vires diz-me, pois eu dedico-me demais ao Amor...

Mas deixemo-nos de mágoas, de pensamentos tristes, de lamentos, de fados. Se eu tenho o coração ao pé da boca – do lado de fora entenda-se – é por alguma razão. É para to entregar. Prometo que o embrulho direitinho. Posso até colocar-lhe um lacinho cor de rosa se te fizer feliz. Ou até dentro de uma caixinha que possa parecer uma caixinha de bombons. Para te aliviar do desconforto de andares com um coração nas mãos pela rua afora. O que haveriam de pensar de ti?

Provavelmente pensarás: para que raio quero eu um coração? Pois bem, este terá multi usos – como convém neste mundo de multi funções – e pode (deve) ser por ti usado a teu bel prazer. Como? Já te explico...se tiveres paciência...

Converter-se-á em gestos de carinho nos momentos em que te sentires carente. Dirá as palavras mais sentidas do Mundo e as que no Mundo mais te farão sentir. Fará com que olhes para a vida com outros olhos, as cores brilharão, a luz ganhará novas formas, o dia a dia parecer-te-á mágico. Será o complemento que precisas (deixa lá os complexos vitamínicos...é disto que precisas...) para sobreviveres.

Tem muito mais funções, mas caber-te-á a ti descobrir umas tantas, pois só tu saberás tirar partido dele. Tem, no entanto, algumas contra-indicações – conheces algo que não tenha? – e eu, como pessoa correcta que sou, previno-te desde já. Pode ser viciante. Pode levar-te a confundires sonhos com realidade e vice-versa. Pode te dar uma sensação de sobre-poder. Neste último caso há quem diga que não é só sensação...

Enfim, julgo que as benesses que te trará são incomparavelmente superiores às eventuais contra-indicações. E o preço a pagar? Ridículo! Irrisório. Insignificante!

Só lhe tens de dar carinho, alimentá-lo com Amor verdadeiro e, claro, não me contentarei com menos do que a tua Alma. Não te assustes...não sou um mafarrico qualquer que ande por aí a angariar Almas para as levar comigo. Simplesmente preciso da tua Alma para não me sentir tão desalmado.

Preciso da tua paixão, do teu fogo, do teu calor, do teu Amor para sobreviver. Só isso. Nada mais. Parece-te uma troca justa? Juro-te que o meu coração compensar-te-á e que, no final das contas, seremos um só.

Thursday, January 04, 2007

A carta que eu te responderia...

Querida,

Uma vez que a tua carta me veio parar às mãos, não sei se fruto do acaso ou do destino, sinto-me forçado a te responder. Não por qualquer obrigação que tenha (não tenho) ou por qualquer dever moral que não procuro. Mas porque me tocaste. Porque me sacudiste no momento exacto. Porque sem o saber salvaste a minha vida. Ou a minha Alma. Ou os dois juntos...

Acordaste-me de uma letargia em que me encontrava. Fizeste-me voltar a acreditar na vida, nos sentimentos, no Amor. Fizeste-me sorrir...

Eu, que andava perdido nos desencontros do Amor, encontrei-me nas tuas palavras, no teu desabafo, nos teus apelos. Eu, que andava descrente de mim, ganhei uma nova fé. Eu, que via passar o tempo sem nada fazer para o agarrar, ordeno-lhe agora que pare!

Porque agora? Porque agora quero olhar-te fundo nos olhos, quero segurar-te nas mãos como se disso dependesse a minha vida, quero que te recostes no meu corpo. Sem uma só palavra...Palavras para quê? Quero tactear cada centímetro do teu corpo na busca da tua Alma. Quero que saboreies todo o Amor que eu te posso dar. Em forma de beijos, carícias, momentos únicos e arrebatadores de paixão. Quero entrar dentro de ti. Devagar, sem pressas, procurando no fundo do teu corpo saciar a tua e a minha sede. Não apenas a sede de um mero prazer carnal, mas a sede de um Amor eterno.

E nesse momento – se tal me fosse concedido – sei que o tempo pararia, que encontraria o meu caminho e que, por ter encontrado a felicidade, poderia então morrer em paz...