Friday, September 19, 2008

Sem título...

Minha Querida,

Escrevo-te. Não sei bem porquê. Acho que te escrevo porque tenho saudades daquele que sente tanto quando te escreve. Aquele que, por esta ou por aquela razão, se vai perdendo no emaranhado das coisas fúteis e desnecessárias que somos obrigados a fazer no dia a dia. Aquele que pelas razões que sobejamente conheces, perdeu em ti um pedaço enorme (irrecuperável?) do coração.

Por isso há dias – hoje é um deles – em que tenho de te escrever. Mesmo que saiba que não me lerás, mesmo que saiba que não terei qualquer resposta. Independentemente de tudo o resto, escrevo-te porque gosto mais de mim assim.

Quando olho para o Mundo à minha volta. Para o céu, para o Sol, para a Lua, mas especialmente para todas as pessoas que me rodeiam, quer as conheça, quer sejam para mim simples desconhecidos, apercebo-me que o Amor norteia a minha vida. Que só no Amor e pelo Amor a minha vida faz algum sentido. Tudo o resto é-me perfeitamente acessório.

E, por isso, uma vez que o Amor me leva inevitavelmente (ousarei dizer infelizmente?) para ti, aqui estou eu. Mais uma vez de coração aberto. Ainda que saiba que essa forma de estar me poderá trazer dor e desalento, que outra forma tenho eu de viver? Ou de viver de acordo com aquilo que sinto?

Peço-te que nunca penses que o silêncio a que me arremeto ocasionalmente se trata de um esquecimento da minha parte. Que deixei de sentir, que me tornei outra pessoa: fria e indiferente. A verdade é que, por vezes, recuo perante a vida. Por medo? Por falta de coragem? Por comodismo? Por todas essas razões mais algumas? Sei lá…O que sinto é que tudo me traz de novo para aqui. Para as letras, palavras, frases que, quando tas escrevo, trazem algum sentido à minha vida.

No fundo, são elas a minha eterna companhia e as testemunhas do Amor que sempre te devotarei. São elas a única forma que ainda tenho de verdadeiramente te sentir. E nesses momentos, em que a realidade espera lá fora por mim, estou de novo ao teu lado. E antes de sair, paro, espero, releio tudo o que escrevi e sou, temporária e imaginariamente…feliz.