Thursday, December 04, 2008

Sem ti...

Meu Amor,

Já não consigo sequer contar os dias em que tentei iniciar esta carta que, só agora, te escrevo. Sozinho com os meus pensamentos vi, vezes sem conta, esta folha de papel, branca, vazia. E eu, inerte, parado, estático a olhar para ela na esperança de ser capaz de a pintar de palavras e sentimentos. Aquelas palavras e sentimentos que eu nunca deixei de sentir mas que, pela razão que tu e eu tão bem sabemos, têm ficado presas na minha garganta, nos meus dedos, na minha Alma.

Tempos houve em que me bastava sentar e deixar que o coração me ditasse palavra por palavra tudo quanto te queria dizer. Mas hoje, o mesmo coração, sem ter deixado de sentir, esconde-me essas palavras, refugiando-se na penumbra. Não sei se o faz para evitar que eu sofra, se o faz em legítima defesa. O que sei é que me dói a ausência das palavras. Porque elas continuam cá dentro: vivas, incandescentes e latejantes.

O teu silêncio, a tua ausência, os teus olhos a fugirem dos meus trouxeram-me para este beco sem saída (haverá saída???). De tanto gritar sem resposta, o meu coração cansou-se, resignou-se, desistiu. E, sem ele, sou incompleto. Sou uma pálida imagem daquele que outrora te escrevia.

Não sei para onde me dirijo. Sigo cego, às apalpadelas, deixando que a corrente me leve, na esperança de que algures te reencontre e recupere este coração que agora anda perdido.

Perdoa-me a escassez de palavras, perdoa-me a inócua carta que te escrevo, perdoa a minha falta de inspiração. Sem ti tudo é mais difícil. E tu bem sabes como me bastaria uma palavra tua…