Monday, January 28, 2019

Diz-me meu Amor que mais palavras te hei de escrever...

Diz-me meu Amor que mais palavras te hei de escrever...

Que palavras te fazem tremer? Que frases te fazem palpitar, vacilar, perder a razão? Que mais te posso eu escrever para que me vejas nesses vocábulos e eu me torne teu, só teu? Como posso eu chegar até ti, à distância, que mais te posso dizer para que me absorvas de corpo e Alma e me guardes dentro de ti? Para sempre?

Sei que me posso desfazer em letras, palavras e frases para que nelas me leias e finalmente me compreendas. Só preciso que me digas quem queres tu que eu seja. Que vês tu em mim? Que vês tu no que te escrevo? Consegues ouvir-me? Consegues ver quem sou e o que procuro?

Procuro-te em cada verbo, em cada adjetivo, em cada oração. Porque neste momento, à falta de ti, não tenho senão palavras que, espero, se traduzam em sentimentos, afetos, mil e um gestos de carinho. Tudo aquilo que agora me parece vedado e interdito.

Não te tenho ao alcance dos meus olhos, das minhas mãos, dos meus braços e da minha boca. Estás longe, distante, impossível de alcançar. Mas, cada vez mais, és a razão da minha vida e, ao mesmo tempo, a ausência dela. Vives em mim ainda que de mim apartada. Por isso te escrevo. Para te tocar, para te abraçar, para te beijar. Para ser teu...

Mas nem sempre os sentimentos têm tradução. E então dou voltas à semântica, à poética, revolvo o meu coração e tudo o que este envolve, rasgo-me, dilacero-me, disseco tudo o que sinto na esperança que as palavras resultantes dessa catarse me levem até ti e então estejamos finalmente juntos.

Mas que palavras devo eu eleger? Que palavras serão tão fortes e intensas quanto aquilo que sinto? Que palavras terão a capacidade de dizer aquilo que eu nem a ti confesso? Existirão essas palavras ou terei eu de as inventar? Perdoa a minha ignorância, a minha incapacidade, a minha inaptidão...Acho que nunca serei capaz de colocar no papel, em palavras, tudo aquilo que carrego comigo, todo o sentimento que a ti dedico. Sou frágil, imperfeito, incompleto.

Exausto, consumido, vazio, reconheço o meu fracasso. Falhei em meus propósitos, como sempre. Resta-me apenas uma palavra, a única que posso usar e a única que se adequa. Que te escrevo como uma lágrima de desalento e de dor...

Amor...