Monday, May 28, 2007

Você não me ensinou a te esquecer



Caetano Veloso

Composição: Bruno Mattos / Odair José

Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto

E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro

Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho

Tuesday, May 15, 2007

Palavras leva-as o vento...

Sabes... Sempre pensei que tinha sido a tua ausência a razão para eu te escrever mil e uma cartas de Amor. Que era a impossibilidade de te ver, ouvir, sentir, tocar que me fazia desfazer em palavras. Pensava eu que, dessa forma, talvez te pudesse alcançar. Não me deixaste qualquer outra alternativa...

Partiste um dia sem sequer me prevenir. Deixaste-me só sem, no entanto devolveres o Amor que eu te havia entregado. Desapareceste sem deixar qualquer rasto, ficando eu cativo do sonho que fui construindo sozinho.

Por isso triturei o meu coração em pedacinhos pequeninos, derreti os pedaços que deixaste da minha Alma, libertei os sentimentos que me atormentavam, só para construir palavras e palavras e edificar monumentos em tua homenagem. Pensava eu que isso, por si só, seria suficiente para manter um Amor vivo e forte.

Só que me havia esquecido de algo muito importante. Palavras... leva-as o vento. E, por mais belas e sentidas que tenham sido as cartas de Amor que te escrevi, de nada me valeram, pois o silêncio que recebi em troca fez delas meros pedaços de papel com gatafunhos à mistura. Tudo aquilo que senti esfumou-se por nunca ter atingido o seu destino.

Apercebo-me hoje que o Amor nunca pode ser unilateral. Bastava que me lesses, que me ouvisses, que deixasses que eu te olhasse de longe. Assim...não passas de uma miragem, que eu não vejo, que eu não ouço, que eu não leio e que, por não existires de verdade, eu não posso sentir.

Ao tomar consciência desta triste realidade em que me encontro (ainda que saiba que esta consciência será provisória), descubro em todas as minhas palavras um objectivo que antes me era desconhecido – talvez ainda esteja a sonhar... Desfiz-me em palavras? Desmanchei-me em letras intermináveis? Derreti todos os meus sentimentos na busca da frase perfeita? É claro que sim. Só que aquilo que eu procurava, minha querida, não eram afinal os teus olhos, racionais e sensatos, mas sim o cuidado de alguém que, paciente e carinhosamente, me lesse, coligisse, mimasse e aos poucos colasse o coração que tu partiste.

Tuesday, May 08, 2007

Para ti...

Para ti...

Para ti que acreditas no Amor verdadeiro, naquele Amor que nos consome por inteiro, no Amor que não nos deixa pensar.

Para ti que suportas as dores do Amor com um sorriso preso entre as lágrimas que te ferem a Alma, que não te resignas ao fácil e inócuo, que consegues ver o Sol por detrás das nuvens mais densas.

Para ti que sonhas voar, que fazes dos sonhos mais exóticos uma estória de encantar, que escreves poesia com um gesto ou com o olhar, que fazes dos céus o teu próprio lar.

Para ti que fazes do carinho a tua filosofia, que sabes que o Amor é a única via, que vives com a mesma fé a tristeza e a alegria.

Para ti que sentes bem fundo o que é Amar alguém, que entregas o teu corpo e a tua Alma sem o mínimo receio, que te abstrais do Mundo e da realidade por causa do Amor.

Para ti que persegues o Amor que seja infinito, que procuras quem te complete ainda que saibas que nada terá fim.

Para ti que Amas...Sem palavras, sem gestos, sem nada...

Para ti entrego todo o meu Amor: pedacinho por pedacinho, triturado, moído, por inteiro. Para ti dedico as minhas palavras ou os sentimentos que estas tentam traduzir. Para ti estendo a minha mão, o meu apoio, a minha dor. Para ti vivo, para ti existo. Para ti sinto...

Para ti...

Monday, May 07, 2007

Diz-me...

Meu Anjo,

Diz-me que ainda te lembras dos meus beijos. Da forma como as nossas bocas se encaixavam e se encontravam como se de peças de um elaborado puzzle se tratassem. Do sentimento que as nossas línguas transmitiam na ausência das palavras. Da paixão que os nossos lábios emanavam enquanto se colavam uns nos outros.

Diz-me que nunca mais encontraste alguém que te olhasse tão fundo como eu. Alguém que apenas com os olhos entrasse dentro da tua Alma e perscrutasse todos os teus segredos. Diz-me que todos os olhos que te olham agora são baços, frios e insípidos se os comparares com os meus enquanto fitavam os teus.

Diz-me que o teu corpo não mais esqueceu o meu toque, as minhas mãos que te percorriam a pele na busca de entender algo que nem sequer se deve entender. Diz-me que o teu corpo nunca mais se entregou como outrora, que hoje o teu mundo é a preto e branco e que as cores foram levadas pelo destino.

Diz-me que sentes falta das minhas palavras, dos meus sussurros apaixonados nos teus ouvidos, das declarações de Amor que eu te fazia sem perceber sequer que as estava a fazer, quando para mim apenas estava a constatar a realidade. A nossa realidade, mas a realidade contudo...

Diz-me que morres de saudades da vida que os dois descobrimos para o nosso Amor. Dos nossos encontros perdidos, do tempo parado à nossa espera, do Mar, da Lua, dos campos, das praias, de tudo o que o mundo concebeu para nos Amarmos.

Diz-me que nada mudou. Diz-me que lá dentro ainda está tudo igual. Diz-me que eu ainda sou o teu Principezinho. Diz-me para que eu possa acreditar que não foi tudo apenas um sonho. Diz-me para eu deixar de ter medo de não mais voltar a sonhar.