Thursday, July 05, 2007

De repente, não mais que de repente...

(título "roubado" ao Soneto da Separação de Vinicius de Moraes)


Meu Amor,

Talvez não acredites naquilo que te escrevo. Talvez não acredites porque me lês à distância e não consegues ver o meu olhar que tudo certificaria. Talvez não acredites porque o teu coração magoado e sofrido perdeu tanta da fé que tinha outrora que hoje é só hesitação e medo.

Mas a verdade, aquela que eu te escrevo e que o coração me dita, é que foi tudo assim, de repente, inesperado, súbito. Como um tremor de terra que nos abala o corpo e as estruturas de betão armado, desta vez foram os nossos corações abalados por alguma coisa que ainda não tem qualquer escala de medição (julgo eu) assim tipo Richter.

A grande diferença entre este abalo e os sismos terrestres é que no primeiro caso os efeitos permanecem e custam a desaparecer. E olha que não te falo de quaisquer consequências nefastas como ondas gigantes ou edifícios que desabam. Falo da sensação do tremor cá dentro, da bola no estômago, do coração descompassado e com arritmias, da impressão de estarmos virados de pernas para o ar.

Já tentei de tudo para escapar a estes sintomas: respiração com o diafragma, exercícios de ioga, analgésicos, calmantes, até fumei um cigarro imagina tu, nos dias que correm, um cigarro!!!! Nada funcionou. Estou certo que só o teu olhar me curará deste mal que me atingiu tão repentinamente. Que os teus beijos acalmarão o meu espírito. E que, ainda que me vires de pernas para o ar, será o teu corpo encaixado no meu que saciará finalmente o meu ser.