Friday, December 29, 2006

A carta que deverias escrever...

Meu Querido,

Finalmente ganho coragem para te escrever. Para te tentar mostrar quem sou verdadeiramente. Para que me vejas com outros olhos. Aliás, para que não me vejas com os olhos, mas com a tua Alma.

Cansei-me de tentar ser a mulher perfeita, educada, elegante, boa em tudo o que faço. Quero ser apenas Eu. Quero que todos os meus sonhos, desejos, paixões e calores entrem em erupção e destruam, nem que seja por breves momentos, essa imagem que tu – e tantos outros – têm da minha pessoa.

Quero que me Ames pelo que eu sou. Cá dentro. Num lugar que nem tu conheces, pois estiveste demasiado tempo entretido com o meu rosto e com o meu corpo. Deixa de me olhar pelo que eu pareço. Quero que sintas bem fundo tudo o que eu tenho para dar. Para te dar. Quero que conheças os meus podres, o meu lado ruim, o meu lado que eu teimei tanto tempo em esconder.

Porquê? Por vergonha, por acomodação, por cobardia. Sei lá...Parecia-me o caminho mais fácil ser a pessoa que todos à minha volta queriam que fosse. E esqueci-me de mim mesma. Lá no fundo. No âmago da minha Alma.

Mas agora, agora acho que ganhei o direito de me libertar. Cumpri com tudo o que me pediram. Chegou a minha hora. Finalmente.

Não sei se algum dia me entenderás, se compreenderás aquilo que te escrevo. Se inclusive aceitarás esta pessoa que pouco ou nada tem a ver com a outra pela qual te apaixonaste – apaixonaste? Sabes o que é estar apaixonado?. Mas já não há caminho de volta. Sou eu que quero respirar, viver. Se me Amas, se me Amas verdadeiramente, estou certa que me entenderás e que me apoiarás neste desafio. Se não me entenderes, será porque não me Amas suficientemente ou porque não estávamos destinados a estar um com o outro. De qualquer uma das maneiras ficarei a ganhar: ou um Amor verdadeiro, ou a verdade de não ser Amor...

Mas agora olha para mim. Perscruta nos meus olhos os desejos de uma mulher, sequiosa de Amor, ardente de desejo. Rasga a minha Alma e despoja-a de tanto sentimento acumulado, da raiva, da fúria, da tesão que tantas vezes acumulei por pudor, do carinho que nem sempre fui capaz de transmitir. Despe-me de uma ponta à outra, dos cabelos às unhas dos pés, usa-me como se eu fosse parte de ti, torna-me parte de ti.

Quero que me conheças a fundo, para que me ajudes a conhecer-me. Quero-te...Agora...Talvez assim consiga, nem que seja por breves momentos, ser feliz...

Tuesday, December 19, 2006

Deixa lá o maldito presente...

Minha Querida,

Calculo que andes atarefada com a tua procura incessante de presentes de Natal perfeitos para as pessoas que te rodeiam.

Eu, para além de odiar este consumismo desenfreado e excessivo, não gosto nada, mesmo nada, de ser o causador de algum mal estar entre as pessoas de quem gosto. Por isso, como gosto muito de ti, escrevo-te para te dar uma ajuda, um conselho, umas dicas para que me possas dar um presente que eu goste, sem te esforçares muito e sem gastares tempo ou dinheiro. Impossível? Eu passo a explicar...

Apesar da tua boa vontade em querer-me vestir dos pés à cabeça e do teu bom gosto nessa tarefa, acho que não vale a pena gastares o teu dinheiro. Olha para mim...Achas que me faz diferença usar uma camisola azul em vez de uma verde? Ou ter uma camisa com grandes letras a publicitar uma marca? Ou usar uns óculos escuros que escondem os meus lindos olhos? Esquece tudo isso e dá-me um abraço sentido. Daqueles que nos apertam tanto que somos levados até ao teu coração. Daqueles que nos fazem sentir acarinhados, Amados e seguros.

Estou certo que também procuras o CD ideal, aquele que combine comigo, aquele que transmita algo que me queiras dizer. Mas já viste quantos CD’s tenho? Não é um exagero? Mais um? Não me leves a mal, mas prefiro que olhes bem fundo nos meus olhos e que o teu olhar brilhe, tremule, vibre, sorria, mostrando tudo aquilo que o teu coração em vão tenta esconder. Isso sim seria um bom presente de Natal e trazer-me-ia algo de especial.

E livros? O que mais há para aí são livros e livros e livros e livros. Não duvido do teu bom gosto e da tua capacidade de me surpreender, mas a verdade é que a maior parte desses livros não me diz nada, nada me transmite, nada me fazem sentir. Já um beijo teu...Um beijo apaixonado, um beijo sentido, um beijo ardente de desejo. Um beijo que me deixe tonto...Trocava quinhentos livros ou mais por esse beijo.

Como toda a gente deste mundo – por este mundo entenda-se aqueles que têm poder de compra, os do “primeiro” mundo – também hesitas nesta ou naquela inovação tecnológica. Tu sabes que eu gosto de algumas dessas coisas, mas na verdade não é isso que eu preciso. Pelo menos não agora...Agora precisava de te ter a ti. Dispensava todo o “conforto” tecnológico pelo calor do teu corpo, pelo teu desejo, pelas tuas pernas entrelaçadas nas minhas, pelo prazer de entrar bem fundo no teu corpo e na tua Alma.

Jóias, relógios ou tudo o que seja ostentativo tu já sabes que eu desprezo, não uso e acho um desperdício. Assim, para que não gastes dinheiros nessas coisas fúteis e insensíveis e para que não percas tempo desnecessário com presentes para uma pessoa (eu) que, afinal de contas, é mais simples do que parece, deixo-te a receita final.

O único presente que eu quero e que até pediria ao Pai Natal se nele acreditasse (ou até se não acreditasse mas se soubesse que ele me ajudaria a obter) é o teu carinho, a tua amizade sincera, o teu sorriso, a tua felicidade, a tua presença e o teu Amor...E um beijo...Pelo menos um beijo...

Julgo que já te ajudei nalguma coisa e te poupei alguns esforços desnecessários. E, se por acaso nem sequer pensavas em me comprar um presente, olha guarda estas dicas para presenteares alguém que hoje ou nalgum dia faça o teu coração bater descompassadamente.

Friday, December 15, 2006

Madeleine...É isto o verdadeiro Amor...



Hoje voltei a ouvir esta música. E, olhando para este génio de poeta, de músico, de actor, de tudo, que cantou o Amor como ninguém, apercebi-me que o Amor, independentemente dos dias menos felizes, dos desgostos, das saudades e das ausências deve ser assim...sorridente e sempre cheio de esperança
Merci Jacques

Jacques Brel - Madeleine

Ce soir j'attends Madeleine
J'ai apporté du lilas
J'en apporte toutes les semaines
Madeleine elle aime bien ça
Ce soir j'attends Madeleine
On prendra le tram trente-trois
Pour manger des frites chez Eugène
Madeleine elle aime tant ça

Madeleine c'est mon Noël
C'est mon Amérique à moi
Même qu'elle est trop bien pour moi
Comme dit son cousin Joël

Ce soir j'attends Madeleine
On ira au cinéma
Je lui dirai des "je t'aime"
Madeleine elle aime tant ça
Elle est tellement jolie
Elle est tellement tout ça
Elle est toute ma vie
Madeleine que j'attends là

Ce soir j'attends Madeleine
Mais il pleut sur mes lilas
Il pleut comme toutes les semaines
Et Madeleine n'arrive pas
Ce soir j'attends Madeleine
C'est trop tard pour le tram trente-trois
Trop tard pour les frites d'Eugène
Et Madeleine n'arrive pas

Madeleine c'est mon horizon
C'est mon Amérique à moi
Même qu'elle est trop bien pour moi
Comme dit son cousin Gaston

Mais ce soir j'attends Madeleine
Il me reste le cinéma
Je lui dirai des "je t'aime"
Madeleine elle aime tant ça

Elle est tellement jolie
Elle est tellement tout ça
Elle est toute ma vie
Madeleine qui n'arrive pas

Ce soir j'attendais Madeleine
Mais j'ai jeté mes lilas
Je les ai jetés comme toutes les semaines
Madeleine ne viendra pas
Ce soir j'attendais Madeleine
C'est fichu pour le cinéma
Je reste avec mes "je t'aime"
Madeleine ne viendra pas

Madeleine c'est mon espoir
C'est mon Amérique à moi
Sûr qu'elle est trop bien pour moi
Comme dit son cousin Gaspard

Ce soir j'attendais Madeleine
Tiens le dernier tram s'en va
On doit fermer chez Eugène
Madeleine ne viendra pas
Elle est tellement jolie
Elle est tellement tout ça
Elle est toute ma vie
Madeleine qui ne viendra pas

Demain j'attendrai Madeleine
Je rapporterai du lilás
J'en rapporterai toute la semaine
Madeleine elle aimera ça
Demain j'attendrai Madeleine
On prendra le tram trente-trois
Pour manger des frites chez Eugène
Madeleine elle aimera ça


Madeleine c'est mon espoir
C'est mon Amérique à moi
Tant pis si elle est trop bien pour moi
Comme dit son cousin Gaspard
Demain j'attendrai Madeleine
On ira au cinema
Je lui dirai des "je t'aime"
Madeleine elle aimera ça

Tuesday, December 12, 2006

Desisto...

Desisti de escrever. Desisti de te escrever.
Não sei se já havias reparado;
Não sei se notas;
Não sei se me lês;
Não sei se te interessa o que eu escrevo;
Não sei se te importas com o que sinto;
Não sei onde estás, como estás, como andas;
Não sei quem tu és;
Não sei quem eu fui ao teu lado;
Não sei quem eu sou sem ti.

Desisti de escrever. Desisti de sentir. (confundo as duas e as duas se confundem).
Tudo o que sinto (ou escrevo) e escrevo (ou sinto) e pacientemente lanço ao Mar, perde-se algures na maré, em qualquer esgoto, em qualquer canto onde ninguém (nem tu) passará.
Extraio as minhas palavras (ou dores) do fundo da minha Alma, arranco-as das minhas entranhas – muitas vezes com sangue e pedaços de carne agarrados, mostro-as como aquilo que eu, feliz ou infelizmente, sou. E para quê? Alguém tem a compaixão de me explicar para quê? Qual é a finalidade de todo este sentir?

Se nada dá fruto, se nada ressoa, se nada ouço, só posso aceitar que as minhas palavras são estéreis, que nada produzem, que nada sentem. Ou então que as lanço para terrenos desérticos onde nada crescerá. E eu só queria ver nascer uma flor...

De qualquer uma das maneiras, estou decidido.

Desisto de escrever. Desisto de te escrever. Desisto de sentir. Desisto de te Amar.

Thursday, December 07, 2006

Tuesday, November 28, 2006

Esquece tudo o que te disse

Meu Anjo,

Esquece tudo o que te disse. Tudo o que te escrevi. Todas as promessas de ser comedido e bem comportado.

Menti-te!!! Foi isso...menti-te. Não o fiz por mal. Juro-te que não o fiz por mal. Mas naquele momento achei que era a única forma de olhares para mim, de não fugires a sete pés, de te sossegares, de te manteres por perto. Tu sabes como eu preciso de te ter por perto, não sabes?

Mas a verdade é que não me contento com o teu carinho e a tua amizade. Não que eu os despreze...antes pelo contrário...prezo-os mais do que tudo. Mas os teus beijos fazem-me tanta falta...O teu corpo entrelaçado no meu, puxando-me para ti como se me quisesses afogar dentro do teu ventre, dentro da tua Alma.

Eu sei que outrora te disse que ficaria feliz só por olhar para ti. Ao de longe, sem que me visses. Mas tu sabes bem que isso é uma afirmação de um desesperado que já nem sequer sabe o que pensar. Se eu te vir – se eu tiver essa suprema sorte – sentirei vontade de tudo o resto e sentir-me-ei capaz de vencer todos os obstáculos para chegar até ti. E chegarei...Talvez por isso fujas...

No fundo acho que menti a mim mesmo...Como um alcoólico que se considera suficientemente forte para entrar num bar e nada beber. Não sou forte! Ao teu lado não passo de uma criancinha indefesa que apenas precisa de um colo. Mas preciso!!! Não o posso evitar...

Por isso...olha...esquece o que te prometi...Quero te ver, quero que sejas sempre a amiga, confidente, carinhosa e solícita que sempre és. Mas quero os teus beijos e o teu corpo. Porque essa vontade que eu tenho é maior do que eu...

Friday, November 24, 2006

Pára o que estás a fazer!!!

...Agora! Imediatamente! Deixa lá a tua vida mundana e quotidiana. Abandona essas tuas tarefas repetitivas e sensaboronas.

Não te queixas que a tua vida é uma monotonia? Que te sentes presa a um dia a dia limitado e que nada te cativa? Então pára...Não te peço mais do que uns breves minutos e um pouco da tua atenção.

Não sentes bem dentro da tua Alma que gostarias de Amar e ser Amada? De uma maneira que vá para além da realidade? Então não esperes mais...Esquece a estúpida realidade que nos oprime a todos e sonha. Eu também não sou mais do que um sonho. Mas Amo. Mas Amo-te...E, só por isso, aqui estou. Para que tu, nem que seja por uns míseros minutos, sintas como é bom Amar...

Não te trago mais do que palavras, bem sei, mas acredita que são todas sentidas. Da primeira à última. Não escrevo por escrever – nunca o fiz nem sou capaz de o fazer – e entrego-me a esta forma estranha de Amor. Mas, se em tudo o que faço a estranheza é uma certeza, porque não o haveria de ser no Amor?

Julgas que eu não preferiria dizer-to cara a cara, olhos nos olhos, boca com boca? Mas não sei onde tu estás...E, se calhar, nem sei quem és...Mas Amo-te. Disso tenho a certeza. O que não me deixa qualquer alternativa senão escrever-te, procurar-te, insistir com estas palavras para que elas me revelem o caminho que agora está tão turvo.

Só que hoje escrevo para ti. Só para ti. Hoje de nada me interessa o que sinto quando estou só, quando morro de saudades. Hoje és tu que estás no pedestal, é sobre ti que incidem os focos, és tu quem deve ser admirada, cortejada, endeusada. Porque mereces...E porque eu te Amo...

Tantas mulheres no Mundo. Umas mais bonitas, outras menos agradáveis à vista, umas simpáticas e afáveis, outras carrancudas e antipáticas, umas sedutoras e voluptuosas, outras tímidas e recatadas. E no meio de todas elas: tu! Mas porquê? Porque diabo haverias de ser tu a escolhida? Aos meus olhos e aos meus sentidos não és mais nem menos do que tantas outras. Mas para o meu coração...esse palerma ingênuo e inocente, és a musa que me inspira, que me faz sonhar, que torna o Mundo um lugar melhor para se viver. Ou para se sonhar...

Apesar de tudo acredito que até a minha razão encontraria mil e uma qualidades que fariam de ti, por si só, digna de encanto. Mas nenhuma delas tem qualquer significado face aquilo que o meu coração sente. Porque te Ama. E nada suplanta o Amor. Nem o rosto mais belo, nem os olhos mais expressivos, nem o corpo mais apetitoso. O Amor, minha querida, vale por tudo isso e muito mais...

E assim, todos os elogios que te faça, por me parecerem insignificantes face aquilo que mereces, tornam-se supérfluos e insensatos. Todas as linhas sedutoras, por serem banais e insensíveis, tornam-se desnecessárias e estúpidas. Todo o carinho, por ser frágil e inócuo, torna-se vazio. Porque te Amo. Amo com toda a raiva contida no meu coração. Amo com toda a alegria que me faz rejubilar. Amo com toda a tristeza acumulada enquanto não te conheci. Amo-te em mim, porque de mim fazes parte. Amo porque Amo. E o Amor não conhece razões...

Gostava de um dia ser Amado assim...Como eu te Amo...

Wednesday, November 22, 2006

Carta para todos e para ninguém

Já AMEI das mais variadas formas. AMO...

Já AMEI e senti mil e uma emoções inerentes a esses Amores. Já senti o coração a bater descompassado, na presença ou ausência de alguém. Já perdi o ar e a respiração ao sentir-me longe desse Amor. Já desejei a minha própria morte. Já sorri estupidamente. Já cometi loucuras em prol desse Amor. Já me arrependi de ter Amado. Já me arrependi de me ter arrependido. Já senti a Paz. Já me senti perdido. Já me senti sem forças para enfrentar o Mundo sem o meu Amor. Já lutei pelo meu Amor. Já rasguei a Alma de ciúmes. Já perdoei (por Amor perdoa-se sempre). Já chorei. Já me esqueci do Mundo por causa do Amor. Já deixei o Amor por causa do Mundo. Já senti o Amor eterno. Já Amei sem pensar. Já Amei à distância. Já Amei sem o saber mostrar. Já voei com o meu Amor. Já caí pelo meu Amor. Já calei o meu Amor. Já guardei o meu Amor. Já me senti desesperado. Já me senti traído. Já me senti Amado em toda a plenitude. Já me senti incapaz de retribuir o Amor recebido. Já Amei sem querer nada em troca. Já me entreguei totalmente ao meu Amor. Já me senti nas nuvens. Já toquei o Paraíso. Já desci aos Infernos. Já me senti completo. Já me senti insaciável. Já quis tudo. Já perdi tudo. Já me levantei para voltar a Amar. Já jurei não mais Amar. Já reneguei o meu Amor. Já abdiquei do meu Amor. Já descobri no Amor o único caminho que poderei seguir na vida. Já vivi por Amor. Já vivi um Amor. Já traí por Amor. Já senti o Mundo a parar. Já senti a vida a parar. Já perdi o apetite. Já me senti tão inútil e impotente. Já me senti encantador. Já entrei noutra Alma. Já quis ser outra Alma. Já recebi um abraço profundo. Já fiquei tonto com apenas um beijo. Já desapareci nos sentimentos de alguém. Já tive certezas. Já me devotei ao Amor. Já me enganei no Amor. Já senti o AMOR...

Ao olhar para trás e para tudo o que senti – apenas descrevi uma ínfima parte das sensações, emoções, sentimentos, situações que experimentei e vivi – chego à conclusão que sou uma pessoa afortunada. Porque tive a felicidade de sentir tanto...Exaltação, loucura, Paz, dor, calma, alegria, euforia, Paixão, desejo, carinho, Amizade, angústia, ansiedade, serenidade, liberdade, Verdade, entrega, dedicação, vontade, desgosto, confiança, certeza, tudo isto senti. E senti-o da forma mais intensa que seria possível. E senti muito mais do que aquilo que me é permitido expressar. Tomara eu ser capaz de expressar correctamente tudo quanto senti....

Agora parado, estático, a olhar para este rol de emoções como se admirasse uma prateleira de livros, apreciando as suas lombadas, lembrando-me das suas estórias, recordando toda esta vida, sorrio impávido e sereno. Nunca poderei quantificar ou qualificar o que senti, quando senti e como senti. Não poderei avaliar os bons e maus momentos. Não me será possível medir os sentimentos como se se tratasse de alguma escala científica. O Amor não é científico!!!

Tudo aquilo que vivi – senti – teve uma razão de ser. Tudo aquilo que senti – vivi – foi imprescindível para aquilo que sou. Nenhuma sensação pode suplantar a outra. Nem sequer poderei dizer que esta ou aquela foi a mais importante porque foi mais ou menos intensa. Não posso, nem devo, tentar entender, compreender ou justificar o Amor nem todas as suas emoções. Cabe-me apenas – e a todos nós – beber de todas elas como se se tratassem da mais doce poção que tornam a vida que vivemos algo mágico que vale a pena viver...

Tuesday, November 21, 2006

Amor depois da morte...

Minha Querida,

Ainda tenho esperança…Ontem falava com uma profissional em assuntos espíritas – que agora estão na moda – e que ajuda as pessoas a perderem maus espíritos, que me disse que às vezes as pessoas reencarnam porque havia algo que ainda sentiam que tinham a fazer na vida. A título de exemplo disse-me achar que ela, noutra vida tinha sido Mãe da sua actual Mãe. Vai daí, já que estávamos no campo das hipóteses, perguntei-lhe se ela achava possível que um Amor não concretizado se poderia concretizar noutra vida.

Ela disse-me que sim…

Escuso de te dizer que pensei logo em escrever-te a dar a boa nova. Talvez numa futura vida eu tenha a possibilidade de te mostrar o que é um verdadeiro Amor. Espero é não sofrer a suprema das ironias e perceber, depois de ter atravessado a morte, que afinal não me tinhas assim tanto Amor como isso…

Enfim…

Beijos

Com muita saudade

Minha Querida,

Hoje sinto uma necessidade enorme de te escrever. Mais do que te dar notícias, mais do que te contar alguma novidade – que não há – mais do que tentar saber de ti, tenho de te escrever. Tenho de tentar usar as palavras para suprir a falta que me fazes.

Escrevo-te porque não tenho a tua boca ao alcance da minha, porque os teus olhos não fitam os meus, porque as tuas mãos não me conseguem segurar, porque o teu corpo não me serve de abrigo. Nem sequer ao som da tua voz eu tenho direito.

Restam-me as palavras – estás em todas elas – para te trazer de novo para mim. Cada letra que eu escolho, cada palavra que se forma, cada frase que se cria, não é mais do que algo que o meu coração sente, mas não sabe dizer. E se soubesse não encontraria porventura palavras que fossem suficientemente fortes para ilustrar tudo o que eu sinto.

Mas a míngua retira-nos toda e qualquer exigência que pudéssemos ter. Resignamo-nos ao pouco que nos dêem, aceitamos de bom grado e sem orgulho as poucas migalhas que sobejem de outras refeições.

Assim, muito embora eu trocasse todas as palavras da minha vida por apenas um beijo teu, aceito sonhando as palavras que me levam até ti.

Thursday, November 16, 2006

Adeus...

As horas, os dias, as semanas e os meses passam e nada apaga a imagem da tua partida. Aquele singelo momento pareceu demorar uma eternidade. Talvez por isso faça sentido que eu soubesse, sem o saber, que aquela partida era a derradeira, que significava o final do caminho que havíamos percorrido juntos.

E, no entanto, nada parecia demover a magia que existia entre nós, nada parecia apagar a chama que nos uniu e, entretanto, separou. Os nossos olhos procuraram entre si uma solução, uma fuga, um caminho que nos permitisse manter vivo aquele Amor. As nossas mãos procuravam agarrar-se uma à outra, numa tentativa vã de segurar a réstia de esperança que nos mantinha sorridentes, da mesma forma como um moribundo se agarra ao último sopro de vida. Sabendo que nada há a fazer senão desistir, mas tendo uma força interior que obriga a lutar.

Pedi-te tantas vezes que não partisses...E quando te fazia esse pedido não pensava naquele momento, mas sim em todo o percurso que a ele se seguiria e que eu seria obrigado a fazer sem ti. Porque sabia que tencionavas partir, porque sentia que querias fugir de mim, porque pressentia que te perdia naquele momento.

Os minutos empurravam-se uns aos outros e eu via-os a passar por mim levando com eles o meu sorriso, a minha alma, a minha luz e a minha vida. Assim, desta forma...E por muito que eu tenha feito para o evitar, a verdade é que nada fiz. Segurei-te a mão. Por quanto tempo? Por muito pouco...

Os teus dedos foram-se soltando aos poucos e eu limitei-me a ver-te partir. Por uns instantes ali fiquei, preso aquela despedida, na esperança pouco sincera que algo te fizesse voltar atrás, na esperança ténue que tudo se resumisse a um até breve e não a um Adeus.

Desde então o tempo tem tentado enterrar aquele momento na cova das recordações. Só que, por alguma razão que desconheço – ou que conheço mas que já não quero partilhar – tantas vezes regresso ao mesmo lugar, ao mesmo momento. Na esperança que voltes atrás, na esperança que te impeça de partir, na esperança de reencontrar algo de mim que ali perdi...

Friday, November 10, 2006

Devaneios de um louco apaixonado

Bom Dia Meu Amor,

E que dia...O dia nasceu para te ver, para te adorar, para te fazer feliz ao mostrar-te o quanto és especial.

O Sol hoje brilha lá fora, com uma luz forte, intensa, quente. Como se tentasse esticar os seus raios para te acariciar, para te tocar, para descobrir que astro é esse que brilha assim tanto na Terra. E o Sol, olhando para ti, mesmo que percebendo que o teu brilho é mais intenso do que o dele, sorri feliz e distribui essa felicidade pelos comuns mortais que nem sequer tiveram oportunidade de te ver. Ou, pelo menos, de te ver como eu e o Sol vemos...

O céu, esse vestiu-se com o azul mais elegante. Nem demasiado garrido, nem desenxabido e vazio. Escolheu a cor ideal para te homenagear. Para que olhes para cima e deixes de manter os olhos pregados no chão. Para que te lembres como é bom voar...

O Mar acordou calmo. Para que no seu ondular pudesses sentir o meu coração a bater. Para que o teu brilho absorvido pelo Sol pudesse agora ficar reflectido no Mar. Sem raivas, sem mágoas, sem dor. O Mar limita-se a saborear o sonho que nasce do Amor.

Os animais sorriem quando me vêem. Como se até eles soubessem como tu és. Como se todos eles te tivessem visto hoje – viram ?. Os pássaros chilreiam à minha volta cantigas que tantas vezes te cantei, os cães cumprimentam-me numa solidariedade que só existe por tua causa. Imagina que até vi um cavalo com asas – julgo que de nome Pégaso – que me contou 1001 estórias de Amor. E em todas elas eras tu a principal protagonista.

Até as pessoas, esses seres misteriosos que eu nunca consegui compreender, me pareceram mais felizes na azáfama do dia a dia. Por isso o dia de hoje é menos corrido e mais saboreado. Porventura influenciadas por esta aura que surgiu pela manhã, estas pessoas conseguem ver o Mundo com outros olhos, apercebem-se que existem coisas mais importantes do que as suas tarefas quotidianas, realizam que o Amor é a razão de toda a nossa vida.

E tudo isto por tua causa. Algum dia imaginaste que farias toda esta diferença? Algum dia pensaste que encantarias assim tanto o Mundo? Algum dia te apercebeste do quanto és importante para que tudo se mantenha assim?

Não me venhas com o teu pessimismo e com a tua racionalidade que não é tua. Saboreia tudo o que o Mundo te está a dar hoje, porque tu és a verdadeira razão de ele estar assim. Aproveita a tua vida, pássaro contente. Faz dos teus sonhos o teu Pégaso para que possas com eles voar. Deixa-te de medos, hesitações.

Eu e o Mundo precisamos de ti.

Obrigado

E é por isso que te escrevo

E é por isso que te escrevo. A ti e não a outra qualquer. Não se trata de qualquer espírito masoquista – que talvez tenha... – de me agarrar a um Amor que já morreu. Não se trata de acreditar que és única no Mundo – para mim és...Não se trata de querer sonhar em algo que nem em sonhos me permito rever.

Simplesmente és tu a fonte da minha inspiração. E assumiste esse papel de tal maneira que nada mais consigo fazer. Por isso estás presente quotidianamente na minha vida. Onde quer que eu esteja, para onde quer que eu me vire, lá estás tu. Disfarçada no meio de uma música, escondida numa paisagem, oculta na Lua – é difícil de acreditar...oculta na Lua – camuflada numa qualquer nuvem que passe por mim.

Talvez assim percebas porque te escrevo. Porque no fundo não haverá nada mais para eu escrever. Na realidade talvez a minha vida se resuma a ti. Tudo o resto são meras passagens de ti para ti.

Não pedi para viver assim. Não fiz nada para sentir o que sinto. Acho até que não queria ficar assim tão preso. Mas, como nada posso fazer, aceito esta pena que, apesar da dureza e da solidão a que me condena, faz-me sentir. E não há nada pior do que nada sentir...

Thursday, November 09, 2006

Era para ti que eu queria escrever

Minha Querida,

Era para ti que eu queria escrever...Ou, perdoa-me a sinceridade, para aquele Amor antigo. Talvez até para aquela menina encantadora que se cruzou ontem comigo. Ou, em último caso, para uma ilustre desconhecida que me encante (todas as mulheres têm os seus encantos).

Gostava de poder desfilar os meus sentimentos numa carta romântica que te fosse endereçada. Fazer-te feliz com meras palavras que para ti pareceriam tudo. Que bom seria terminar essa carta com um sincero Amo-te que significasse mais do que uma palavra de circunstância que dizem os namorados.

Estou certo que se o fizesse, se fosse capaz de escrever assim, se fosse capaz de sentir assim e de direccionar assim os meus sentimentos, seria mais feliz. Ou menos infeliz...

Mas a verdade – por muito que te custe ouvi-la – é que não sou capaz de fazê-lo. Por mais que eu queira – e quero, acredita – as tais palavras que expressem os meus sentimentos ou, para ser mais correcto, os meus sentimentos quando se moldam nas palavras, já têm destinatário: Ela...

Não me perguntes porquê – que manias essas dos porquês... – que eu não te saberia responder. Tu nem imaginas quantas vezes eu mesmo me perguntei e nunca fui capaz de me dar uma resposta.

Não tenho qualquer razão ou argumento que justifiquem o que acabo de te confessar. Simplesmente sinto-o. Pensas que eu não tentei? Julgas que me sinto bem preso ao silêncio do lado de lá das minhas palavras? Achas que sou feliz Amando em silêncio, ou Amando o próprio silêncio? Acaso acreditarás que eu não sonho com um verdadeiro e real Amor?

Talvez seja a ironia das ironias...Foram as minhas palavras que me levaram até Ela. Entreguei-as de tal maneira que agora...já não me pertencem. São dela. Percebes? D’Ela...

Não sei se a queria de volta, se me bastariam as palavras que eu perdi. Sei que agora vagueio perdido, sem norte, sem destino, sem nada nem sequer as palavras que outrora me reconfortavam.

Thursday, November 02, 2006

Ousadia

Minha Deusa,

Perdoa-me a ousadia de te escrever, perdoa-me o descaramento de me declarar, releva o topete que tenho de te importunar, mas castiga a minha insolência de querer uma resposta tua.

Sei que nada devo pedir, sei que a nada tenho direito. E, no entanto, algo me atormenta a Alma. O silêncio. Esse monstruoso silêncio que corrói todos os meus sentimentos fazendo com que eu nada sinta. Nada sinta!!!! Sabes o que isso significa para mim? Nada sentir? E tudo porque esse teu silêncio rechaça tudo o que eu pudesse sentir.

Se acaso me dissesses algo. Uma palavra amarga, uma frase apaixonada, um grito de raiva, um gesto de carinho, um sorriso em letras. Talvez dessa forma eu pudesse saber como me sinto. Assim, todos os sentimentos que eu converto em palavras – porque nada mais tenho para te dar...senão daria – são deitados num buraco sem fundo. E nem sequer consigo ouvir o momento em que estes te tocam. Tocam? E vou perdendo a Alma sem ganhar a razão...

Por isso te peço que me respondas, que me digas algo. Diz-me que és indiferente às minhas palavras, diz-me que aquilo que eu sinto não abala as tuas convicções, conta-me o quanto sou insignificante para ti, mostra-me o quanto as recordações que tinhas minhas estão esquecidas, confessa que nem nos teus sonhos mais escondidos pensas em mim, revela que não me Amas mais.

Se o fizeres...prometo-te deixar em paz. Se o não fizeres e optares pelo silêncio, estarei no meu direito de acreditar naquilo que mais desejo: que me Amas, que ainda me Amas, que é apenas a monstruosa realidade que te impede de descer dos céus para me reencontrar, que estás algures a olhar por mim. A mim bastaria tal...Não precisarei de nada mais. Deixar-te-ei no teu pedestal sem te tocar. Abdicarei de todos os meus sonhos. Mas saberei que ainda me é concedido poder Amar...

Tuesday, October 31, 2006

Contrariado te escrevo

Minha Querida,

São quase duas da manhã. O sono e o cansaço toldam-me o pensamento. Talvez por isso agora eu me deixe levar ainda mais pelo coração do que pela estúpida razão que quer fazer de mim um homem normal, comum e banal.

Não te quero escrever, mas não consigo deixar de te escrever. Sou levado à força até ti. Felizmente há algo que impede a razão de levar a cabo aquela tarefa planeada, mórbida e cruel de me amordaçar, de me calar, de me forçar a relegar para segundo plano um Amor que te tenho, que te devoto e que faz de mim uma pessoa especial.

É um Amor proibido? É um Amor impossível? Pior ainda, é um Amor não correspondido? E o que me interessam todas essas argumentações? Não são estas fruto da razão? A mesma razão que agora descubro me quer trair e levar à loucura que existe na sanidade corriqueira de quem se rende.

Não quero saber. Nem sequer quero saber se gostas do que lês, se lês, se te interessa este Amor. Se eu te interesso, se te preocupas comigo, se dás valor a este Amor. Talvez até desconfies da sua veracidade. Se até eu duvidei e duvido de mim mesmo por vezes. E até desta forma perturbada como te Amo.

Mas a verdade é que te Amo. Sinto-o acima de todas as coisas. Acima da razão, acima de qualquer regra, consciência, norma ou conduta que me queiram impingir. Fiquem lá com as vossas teorias – tu também!!! – aceitem o que quiserem, mas deixem-me ser como eu sou. Deixem-me Amar à minha vontade, apesar de não haver um pingo de vontade minha neste Amor.

Nada mais peço, nada mais quero. Apenas quero poder enlouquecer de Amor, porque louco andava eu por não te poder Amar...

Pois é...

Pois é
Fica o dito e redito por não dito
É difícil dizer que ainda é bonito
Cantar o que me restou de ti

Taí nosso mais-que-perfeito está desfeito
E o que me parecia tão direito
Caiu desse jeito sem perdão

Então disfarçar minha dor já não consigo
Dizer que nós somos bons amigos
É muita mentira para mim

E enfim hoje na solidão ainda custo
A entender como o amor foi tão injusto pra quem só lhe foi dedicação
Pois é...

António Carlos Jobim / Vinicius de Moraes

O adeus a Eurídice

Eurídice, linda Eurídice,

Só Deus sabe como me dói escrever-te estas linhas. Como sofro por dentro por ter de finalmente dizer... Adeus...

Durante muito tempo não vivi e limitei-me a sonhar-te. Vivi na esperança fingida de ouvir a tua voz, de ler as tuas palavras, de ver os teus olhos, de sentir os teus braços a tocar nos meus. Como se algum milagre te pudesse devolver à vida e trazer-te de volta para mim.

Se a tua ausência e o teu silêncio eram para mim as razões da maior angústia que carreguei, foram também os meus companheiros que me permitiram viver neste sonho irrealizável. Ao mesmo tempo que sofria, era essa a força que te mantinha viva e presente no meu dia a dia. E onde quer que eu fosse, quem quer que eu visse, o que quer que eu ouvisse, lá estavas tu. Como se esperasses também que o meu sonho se realizasse.

Tentei caminhar ao teu lado. Num passo que só eu imaginei, num caminho que idealizei. Porque no fundo tinha esperanças que me aparecesses em alguma encruzilhada da vida. E deixei o meu caminho, deixei a minha vida, deixei que o meu Amor fosse definhando porque do teu dependia.

Perdi a vontade de viver, perdi a vontade de Amar, perdi a vontade de voar para onde quer que fosse. Porque nada fazia sentido sem ti. Nada me inspirava sem seres tu. O Mundo inteiro tornou-se a preto e branco. E tu sabes como eu preciso de cores...

Parto hoje. Não sei para onde. Não sei qual é o destino, qual é o caminho que devo trilhar. Mas sei que é o meu caminho, que o devo percorrer por minha vontade, com a força e determinação que vêm de mim mesmo. E que o Amor que defendo deve voltar a erguer-se.

Não deixo de te Amar. Não deixarei nunca. Mas tenho de permitir-me viver. Não posso deixar que todo o meu Amor fique preso em algo que eu imaginei, algo que eu sonho. Tenho de dar asas ao meu Amor, nem que seja para fugir de ti...

Friday, October 27, 2006

Condenação

Eurídice,

Decerto te perguntarás porque te escrevo. Qual é a motivação deste coração perdido? De onde vem esta obstinação, teimosia, persistência, loucura até?

Confesso que muitas vezes penso em desistir, em deixar que a realidade tome conta de mim, em aceitar aquilo que a vida me retirou. Mas há algo mais forte do que a distância, do que o tempo, do que a morte, do que a minha própria vontade. Há algo que me impele a escrever. A escrever para ti.

Não sei se lhe poderei chamar Amor, afinal nem sequer sei se sei o que é o Amor. Sei que é em ti que me completo, é em ti que encontro a Paz, é em ti que descubro a inspiração que faz de mim uma pessoa diferente, melhor.

Sem ti sou só uma pessoa banal, normal, corriqueira. Sem destino, sem caminho, perdido nesta desventura que é a vida.

Por isso me condenei a escrever-te. Por isso me condenei a dedicar-te parte da minha vida. Por isso vivo condenado pelos grilhões da tua ausência.

É que - sabes? – por mais dura que pareça esta condenação que eu próprio me impus, mais triste seria se estivesse totalmente liberto de ti. Ao menos desta forma estás comigo...

Orfeu

Poema

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo

Hoje eu acordei com medo, mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo, era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim

De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás

Cazuza

Monday, October 23, 2006

Música

Ouvia isto e lembrei-me de ti...

Nosso sonho
Se perdeu no fio da vida
E eu vou embora
Sem mais feridas
Sem despedidas
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música

Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

Nossas juras de amor
Já desbotadas
Nossos beijos de outrora
Foram guardados
Nosso mais belo plano
Desperdiçado
Nossa graça e vontade
Derretem na chuva

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música

Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

Um costume de nós
Fica agarrado
As lembranças, os cheiros
Dilacerados
Nossa bela história
Está no passado
O amor que me tinhas
Era pouco e se acabou

Liminha/Vanessa da Mata

Sussurro

Por instantes pareceu-me ouvir a tua voz... De uma forma muito ténue. Um sussurro daqueles que ditos aos meus ouvidos me faziam estremecer. Lembras-te? Eu nunca os esqueci... E mesmo hoje, depois de tanto tempo sem os ouvir, lembro-me deles. E foi isso que me pareceu ouvir. Como se tivesses passado aqui perto, como se quisesses que eu soubesse que ainda por aqui andavas. Andas? Diz-me que sim, faz-me sorrir por dentro. Como dantes...quando me sussurravas.

Aqui estou, parado, de ouvido à espreita, na esperança de não me ter enganado, de não estar a ser traído novamente pelos meus sonhos – os sonhos traem-nos?

Sei que eras tu...E, mesmo que eu nem sempre compreenda a razão pela qual sussurraste sem falar, porque passaste sem ficar, porque existes sem eu saber, queria que soubesses que ainda assim te Amo, ainda assim fico preso à tua existência, ainda assim me perco na vida. Só para que um dia te possa ouvir a sussurrar mais uma vez...

Oração

Convenço-me aos poucos que não estás ao meu alcance, que já não me é permitido alcançar-te, que não mais te poderei tocar.

Depois de ter sonhado, de me ter revoltado, de ter lutado contra o destino, de me ter entregado à solidão de quem Ama, caio agora na algo triste consciência da realidade que te tirou de mim.

Só que, como ainda estás viva dentro da minha Alma, como vagueias diariamente pela minha vida de uma forma fantasmagórica, como és e sempre serás parte da minha vida por seres parte daquilo que sou, tenho de reaprender a Amar-te. A Amar-te sem te tocar, sem te ver, sem sequer me ser permitido sonhar-te.

Pensei em rezar...Por ti, para ti...Rezar de uma forma tal, com o coração tão sentido, que mesmo que não te fosse permitido ouvires-me, poderes sentir tudo aquilo que te digo. Rezar para que soubesses diariamente o quanto ainda te Amo. Rezar para que eu dessa forma te pudesse ainda Amar.

Louco? Perdido? Outros não o entenderiam...Mas tu? Tu entenderás, tu compreenderás. E, quem sabe?...um dia responderás às minhas orações...

Tuesday, October 17, 2006

Distância

Meu Amor,

Tudo na vida nos parece separar: a distância, o tempo, a realidade, tudo e mais alguma coisa colocou-se entre nós e o nosso Amor. Não tenho como te alcançar, como chegar até ti. E, no entanto, escrevo-te...Para que não me esqueças ou para não me esquecer de ti, já nem sei bem.

O que sei e sinto é que luto desesperadamente para te alcançar, para te tocar. Apesar de toda a dor, toda a angústia, toda a mágoa pelo teu silêncio, pela tua ausência, pela tua indiferença, uma força maior do que tudo isso impele-me a continuar. Como se se tratasse de um qualquer tipo de masoquismo inexplicável...

A cada esforço que faço para chegar até ti sucede a desilusão que vai crescendo, crescendo, crescendo, quase que apagando este Amor que ainda sinto – e tu sabes bem que ainda o sinto. Páro um pouco, respiro, mas volto com a mesma teimosia.

Não sei porque o faço...Juro-te que tento encontrar as explicações racionais que fariam os racionais felizes. Talvez tenha descoberto que só contigo consigo ser assim como acho que sou ou devo ser. Porventura o teu silêncio não me deixa descansar em paz. Se calhar sou um obstinado. Ou então...Amo-te e não sei viver sem ti, se bem que essa nunca seria a explicação racional...

Friday, October 13, 2006

Carta anónima

Ganho coragem. Escrevo-te. Sem que saibas quem sou, mas apenas o que procuro. Procuro o teu olhar mais íntimo, procuro o teu segredo mais escondido, procuro o Amor que guardas dentro de ti.

Não sei o que encontrarei. Não sei se os olhos que agora me lêem – lindos por fora – mudam de expressão, vibram, brilham por dentro, tornando-te irradiante. Gostaria que assim fosse, mas não sei se tenho esse poder, se posso ousar ter este desplante de te tocar.

Mas procuro-te. Ansioso como o explorador que faz a sua primeira descoberta. Ingênuo como a criança que se descobre. Sequioso como o animal que, sedento, ignora os perigos para poder chegar junto da água. Sonhador...como eu sou...

Angustia-me um pouco não ter respostas a esta minha carta – como me poderias escrever se eu não existo? – mas mais me angustiava não ser capaz de te escrever.

Repouso agora, ainda que te procure...

Monday, October 09, 2006

Os teus olhos...

Acho que só aos teus olhos não sou insignificante. Talvez por isso prefira olhar-me através do teu olhar. Talvez por isso precise que me olhes. Da forma como só tu olhas. De uma maneira penetrante, intensa, sentida.

No fundo preciso de ti. Preciso desse Amor altruísta, desinteressado, espontâneo. Preciso de me sentir Amado. Preciso de ter a certeza que valho a pena, que sirvo para alguma coisa. Nem que seja “apenas” para ver os teus olhos a brilhar...

As palavras perdidas

Só tinha as palavras para te alcançar. Nada mais...Meras palavras. Singelas, simples, ingénuas, mas sentidas e honestas.

Com a cor dessas palavras, tentei pintar o teu mundo como se uma obra de arte se tratasse, tentei embelezá-lo para que só nele visses as cores mais irradiantes. Com a melodia dessas palavras, tentei compor para ti a sinfonia que melhor ilustrasse um Amor que só tu e eu ouviríamos, que estava reservado apenas para nós dois. Com o sabor dessas palavras, tentei cozinhar um sonho, intenso, saboroso, que pudéssemos degustar sempre que tivéssemos vontade. Como se um sonho pudesse ser cozinhado, como se uma sinfonia fosse composta por meras palavras, como se um mundo vivesse apenas de cores irradiantes.

Mas eu, embevecido pela magia que decidiste invocar, pelo vôo rasante que fizeste sobre mim, pela forma sonhadora como me fizeste acreditar no sonho, julguei que essas palavras bastariam, que elas seriam suficientes para derrubar a realidade, que elas seriam suficientes para nos fazer felizes.

Hoje sei que errei. Sei que a realidade não se compadece de sonhos, de pinturas mágicas, de sinfonias, nem sequer de palavras. A realidade, por alguma razão que eu ainda não descobri, obriga-nos a viver antes de sentir, a ver antes de sonhar, a andar ao invés de voar. Porque todos sabemos que não voamos. E, no entanto, ainda me lembro de nos ver a voar...

Aos poucos tudo se desmoronou. Deixei de ouvir e inventar melodias, desisti de pintar e vislumbrar outras cores, e perdi o apetite por novos sabores. E as palavras? Essas foram levadas pelo vento, andaram à deriva, perdidas sem eu sequer imaginar que as haveria de voltar a encontrar. Até que regressaram. Para que eu possa voltar a sonhar...

Friday, September 22, 2006

Palavras entaladas

Tento escrever...

Mas as palavras parecem-me entaladas na garganta. Presumo que seja pelo facto de tanto as ter reprimido. Por ti. Porque não me ouvias. Porque não me ouves. De que me adianta escrever, escrever, escrever, se o resultado é insignificante? Se o destinatário das minhas cartas as devolve ao remetente sem sequer as ler?

Assim vou retendo dentro da Alma sentimentos, mágoas, sonhos, esperanças. E as palavras ficam entaladas no meio de tanta emoção que eu vou guardando.

Hoje esforço-me para escrever algo para combater essa apatia. Hoje luto para fazer o que outrora me saía de uma forma fácil e fluída. Porque me lias?

Para um coração apaixonado não há nada pior do que o silêncio. A ofensa, a raiva, a mágoa, a saudade...tudo se suporta...agora o silêncio...Esse é que dói, esse é que nos retira o sonho, esse é que nos angustia.

Perdoo-te tudo...menos o silêncio...

Wednesday, August 02, 2006

Chuva

Querida,

Chove lá fora. Cá dentro nem sei bem. Acho que oscilo entre o Sol e a chuva, o vendaval e a calmaria. Acho que é normal…

Queria te ter escrito ontem. Se calhar porque havia mais Sol, dentro e fora de mim, ou por qualquer outra razão. Mas acabei por não o fazer. Agora não sei o que perdi (perdemos), não sei se o que escrevo hoje é mais ou menos importante do que aquilo que ontem te escreveria, mas sei que hoje te escrevo. E que aquilo que eu te escrever será aquilo que hoje eu sinto. Mesmo que hoje haja mais chuva…

Estou cansado demais para te escrever…Logo eu, logo hoje que eu te queria escrever tanto…

Queria acreditar que me ouves, queria ter a certeza que existes, queria saber onde estás, como estás, com quem estás, o que fazes, o que pensas, o que sentes. Só que às vezes me convenço que te inventei, que te criei, que só existes num lugar onde eu não sei mais chegar. E assim estarei perdido na minha própria terra, no meu próprio mundo.

Não seria isto que eu te teria escrito ontem. Mas ontem estava Sol. Dentro e fora de mim…

Beijo

P.

Monday, May 29, 2006

Sonhos de uma vida

Sempre fui muito dado a sonhos. Sempre sonhei, a dormir e acordado. Sempre me deixei levar por esses sonhos por caminhos que desconhecia, por aventuras que eu tanto desejei. Os sonhos sempre foram para mim a vida que a crua realidade nunca me quis dar ou mostrar.

Por isso, por muitas vezes confundi a minha vida com os sonhos e os sonhos com a minha própria vida. Para que diabo haveria eu de ficar eu preso à dura realidade quando tinha dentro da minha Alma uma tão forte capacidade de sonhar? E melhor ainda, de recriar dentro de mim mesmo os sonhos que davam brilho à minha existência.

Assim fui vivendo…Ou sonhando…Ou sonhando que vivia…

Tive tantos sonhos na vida…Grande parte deles nem sequer sei se os realizei, se os vivi, se os desejei verdadeiramente, ou se simplesmente sonhei com eles e contentei-me com cada segundo sonhado. Sonhei com isto, sonhei com aquilo. Sonhei que era esta ou aquela personagem. Nada me deteve, nem detém, enquanto sonho. Por isso sonho!

Já a vida…que triste é a minha sina, já a vida me limita, me impede de sonhar, me impede de acreditar que todos os sonhos são possíveis, me impede de voar. Logo a mim, que faço do sonho uma realidade tão mais interessante. Logo eu, que vivo dessa ilusão que reina na minha vida, tenho de ser obrigado a renunciar aos sonhos.

Nesses momentos, em que a realidade me puxa e agarra, me prende e oprime, me sufoca e tira-me o ar, os meus olhos perdem o brilho, a minha voz enrouquece e não mais canta, e a minha Alma…deixa-se cair, pois não lhe é permitido voar.

Em tempos tive um sonho especial. Sonhei com alguém que eu sempre havia sonhado. Sonhei que havia encontrado alguém que só existia nos meus sonhos. Alguém que não poderia ser real, não era real, alguém que era fruto da ilusão e da fantasia, entidades que tantas vezes me haviam mostrado as maravilhas do Mundo, maravilhas que só existiam nesse Mundo, meu e delas.

E, no entanto, lá estava ela. De carne e osso, viva ali à minha frente. Falava, escutava, escrevia e lia, sentia e, sobretudo…Amava. Como num sonho…Como em tantos sonhos que eu havia inventado. Mas desta vez o sonho havia se convertido em realidade. E Eu, que sempre me havia deixado levar pelo sonho, que o vivia sem saber, ou sem querer saber, que se tratava de um sonho, que renegava de livre e espontânea vontade à realidade, eu fiquei por breves instantes sem saber como lidar, sem saber como agir. Como teria sido fácil em sonhos, mas na realidade tudo parecia difícil.

Mas ela, tão sonhadora quanto eu, pegou-me na mão e tranquilamente me levitou para junto dela. E voámos juntos. Não sei para onde nem por quanto tempo. Sei que tudo fazia sentido. Ela deu razão aos sonhos que tantas vezes havia sonhado, ou queria ter sonhado. Ou, se calhar, trouxe sonhos à razão que fugia de mim.

Os meus olhos reconheciam-se nos seus, as minhas palavras completavam-se com as suas. Os nossos corpos entrelaçavam-se à distância no Amor mais profundo e, no entanto, mais inocente e genuíno que algum dia havia experimentado. A distância entre nós era superiormente ultrapassada por tudo quanto nos unia. Tornámo-nos um só. Chegámos a esse ponto?

Durante algum tempo o sonho e a realidade foram um só. A minha vida pela primeira vez parecia completa porque havia encontrado nela a razão e o Amor que se fundiam. Tudo fazia sentido numa inconsciência perfeita demais para ser inconsciente. Até os nossos corações batiam em compassos uniformes ou com o outro. Nada poderia quebrar esta harmonia. Nada poderia parar esta força. Acreditava eu naquela altura…

Até que um dia, nem eu mesmo posso precisar a data, nos bateu à porta a realidade. Aquela que ambos julgávamos ter sempre estado presente neste momento amoroso. Aquela que ambos sentíamos, trazia a razão que era necessária à sobrevivência de um Amor assim. Mas afinal ela havia estado ausente durante todo aquele tempo. Nada a realidade havia presenciado.

A sua chegada trouxe consigo a dureza e a crueldade de um acordar do sonho mais bonito que me havia sido permitido sonhar. Toda essa dor que senti foi incomparavelmente maior porque, tendo acreditado que aquele sonho era real, deixei-me perder entre esses dois Mundos. Em sonhos nunca me teria ferido daquela maneira, mas a realidade não se compadece de ilusões. Quando eu finalmente acreditava que me seria permitido viver realmente um sonho, tudo se desmoronou. E o sonho, que nunca havia deixado de o ser, desvaneceu-se…

Ainda tentei reencontrar aquela mulher. Aquela que me completava ainda que em sonhos. Aquela que mais me compreendia e que eu entendia como se de mim próprio se tratasse. Aquela que eu Amei e com quem eu vivi um sonho. Procurei-a entre esses dois Mundos: a realidade e o sonho. Prometi em silêncio que lhe daria ambos os Mundos, ou um ou outro, como ela decidisse. Entreguei-me nas mãos de alguém que nunca havia existido senão dentro do meu coração. Mas já nada havia a fazer…Não mais a reencontrei…

Com o coração dilacerado, com raiva ao sonho e desprezo à realidade, com a Alma desesperançada, segui o meu caminho. Sem saber o rumo a seguir, sabendo que não haveria rumo algum depois dela que me fizesse feliz, sem querer ter outro rumo na vida. Mas segui…

O tempo foi passando. E o tempo cura as feridas da Alma como ninguém. A dor que me resta é a mais forte recordação que comigo carregarei até ao final dos meus dias. Mas deixei que essa dor desse também lugar à saudade. À memória daquele sonho que não me foi permitido viver. À lembrança de todo o Amor que ainda pulsa dentro da minha Alma.

Hoje, deixo que a realidade comande a minha vida. E sigo, ordenado e alinhado, como qualquer prisioneiro que espera ser libertado por bom comportamento. Não me deixarei mais ser iludido por sonhos que pareçam reais. Se é este o Mundo a que fui condenado, aqui cumprirei a minha pena. Só que à noite, enquanto espero que o sono me adormeça, enquanto aguardo os sonhos que já não o são, rezo baixinho. Por ela. Para que algures onde ela viva, ou sonhe, encontre na realidade ou no sonho, toda a felicidade, alegria e Amor que eu quis e nunca lhe pude dar. E, com uma lágrima a correr-me pelo rosto, digo-lhe baixinho:
”Vai tua vida pássaro contente. Vai tua vida que eu estarei contigo”

Monday, May 08, 2006

Contigo e sem ti...

Meu Amor,

Tinha-me prometido que não mais te voltava a escrever. Mas hoje não fui capaz de manter a promessa. Hoje, algo me fez pegar nas palavras para te dizer algo. Ou para libertar algo de dentro de mim, já que o teu afastamento impede que ouças o que eu gostaria de te dizer.

Há muito que não estás na minha vida. Nem perto nem distante, nem íntima nem afastada, nem atenta ou distraída. Simplesmente não estás. Não existes. Não respondes aos meus apelos, às minhas queixas, aos meus desabafos. Evaporaste-te por completo. Quando eu me havia habituado à tua presença.

Doeu...Acho que nunca saberás como me doeu. Como me custou olhar à volta, procurar-te e nada mais encontrar a não ser o silêncio e vazio que deixaste no teu lugar. Depois da angústia e da dor, seguiram-se a revolta e o desespero, até chegar à resignação e à aceitação. Em todos esses momentos eu tinha esperanças, que mais não eram do que sonhos. Sonhos que eu sonhava no meu íntimo, quando estava só, quando talvez ainda te procurasse. Sonhos que nunca foram mais do que isso – porventura como o Amor que vivemos – e que a realidade se encarregava de desmentir. Diaria e constantemente.

De tanto me convencer que nada te tiraria dos sonhos, fui desistindo de sonhar. Ou então passei a sonhar com situações mais inócuas, mais vazias, mais inofensivas. E então, até nos meus sonhos começaste a desaparecer. Não por minha vontade, mas porque até os sonhos se cansam de sonhar em vão.

Se por um lado o teu desaparecimento ia-se tornando uma fonte de tranquilidade que eu necessitava para viver a vida, nada nem ninguém supria o vazio que ainda tinha (e tenho). E então o meu coração, sedento de Amor, sedento de Amar, sedento de vida, abriu-se ao Mundo, na esperança que o Mundo lhe desse uma solução.

Foi então que alguém surgiu. Alguém que brilhou como tu brilhaste, alguém que me encantou como tu encantaste. E pensei que nada mais te traria de volta...

Foi nesse exacto momento que constatei que nunca havias desaparecido, que deixaste alojado no meu coração um veneno mortal. Que me impede de viver, que me impede de Amar.
Não sei até onde irá a tua perfídia. Sei que é difícil viver contigo...sem ti...