Thursday, November 09, 2006

Era para ti que eu queria escrever

Minha Querida,

Era para ti que eu queria escrever...Ou, perdoa-me a sinceridade, para aquele Amor antigo. Talvez até para aquela menina encantadora que se cruzou ontem comigo. Ou, em último caso, para uma ilustre desconhecida que me encante (todas as mulheres têm os seus encantos).

Gostava de poder desfilar os meus sentimentos numa carta romântica que te fosse endereçada. Fazer-te feliz com meras palavras que para ti pareceriam tudo. Que bom seria terminar essa carta com um sincero Amo-te que significasse mais do que uma palavra de circunstância que dizem os namorados.

Estou certo que se o fizesse, se fosse capaz de escrever assim, se fosse capaz de sentir assim e de direccionar assim os meus sentimentos, seria mais feliz. Ou menos infeliz...

Mas a verdade – por muito que te custe ouvi-la – é que não sou capaz de fazê-lo. Por mais que eu queira – e quero, acredita – as tais palavras que expressem os meus sentimentos ou, para ser mais correcto, os meus sentimentos quando se moldam nas palavras, já têm destinatário: Ela...

Não me perguntes porquê – que manias essas dos porquês... – que eu não te saberia responder. Tu nem imaginas quantas vezes eu mesmo me perguntei e nunca fui capaz de me dar uma resposta.

Não tenho qualquer razão ou argumento que justifiquem o que acabo de te confessar. Simplesmente sinto-o. Pensas que eu não tentei? Julgas que me sinto bem preso ao silêncio do lado de lá das minhas palavras? Achas que sou feliz Amando em silêncio, ou Amando o próprio silêncio? Acaso acreditarás que eu não sonho com um verdadeiro e real Amor?

Talvez seja a ironia das ironias...Foram as minhas palavras que me levaram até Ela. Entreguei-as de tal maneira que agora...já não me pertencem. São dela. Percebes? D’Ela...

Não sei se a queria de volta, se me bastariam as palavras que eu perdi. Sei que agora vagueio perdido, sem norte, sem destino, sem nada nem sequer as palavras que outrora me reconfortavam.

No comments: