Thursday, November 02, 2006

Ousadia

Minha Deusa,

Perdoa-me a ousadia de te escrever, perdoa-me o descaramento de me declarar, releva o topete que tenho de te importunar, mas castiga a minha insolência de querer uma resposta tua.

Sei que nada devo pedir, sei que a nada tenho direito. E, no entanto, algo me atormenta a Alma. O silêncio. Esse monstruoso silêncio que corrói todos os meus sentimentos fazendo com que eu nada sinta. Nada sinta!!!! Sabes o que isso significa para mim? Nada sentir? E tudo porque esse teu silêncio rechaça tudo o que eu pudesse sentir.

Se acaso me dissesses algo. Uma palavra amarga, uma frase apaixonada, um grito de raiva, um gesto de carinho, um sorriso em letras. Talvez dessa forma eu pudesse saber como me sinto. Assim, todos os sentimentos que eu converto em palavras – porque nada mais tenho para te dar...senão daria – são deitados num buraco sem fundo. E nem sequer consigo ouvir o momento em que estes te tocam. Tocam? E vou perdendo a Alma sem ganhar a razão...

Por isso te peço que me respondas, que me digas algo. Diz-me que és indiferente às minhas palavras, diz-me que aquilo que eu sinto não abala as tuas convicções, conta-me o quanto sou insignificante para ti, mostra-me o quanto as recordações que tinhas minhas estão esquecidas, confessa que nem nos teus sonhos mais escondidos pensas em mim, revela que não me Amas mais.

Se o fizeres...prometo-te deixar em paz. Se o não fizeres e optares pelo silêncio, estarei no meu direito de acreditar naquilo que mais desejo: que me Amas, que ainda me Amas, que é apenas a monstruosa realidade que te impede de descer dos céus para me reencontrar, que estás algures a olhar por mim. A mim bastaria tal...Não precisarei de nada mais. Deixar-te-ei no teu pedestal sem te tocar. Abdicarei de todos os meus sonhos. Mas saberei que ainda me é concedido poder Amar...

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