Thursday, February 06, 2014

Cores...

Minha Querida,

Eu sou um tipo com o coração – literalmente – ao pé da boca. Por outras palavras, quando sinto algo – e sinto-o com a intensidade que tu conheces – não sou capaz de ficar calado. Às vezes até sou, mas é um sacrifício que nem imaginas... Isso traz-me por vezes problemas. Ou acabo por ser mal interpretado, ou condenam-me por ser assim tão expontâneo.

Ora esta minha característica no que a ti diz respeito, está aumentada 10000000000 vezes. Não sei se por sentir mais em relação a ti, se por me causares algum distúrbio químico no meu organismo. Não sei... O que sei é que me custa calar o que vai cá dentro. E é por essa razão que falto agora à promessa que te fiz e ao pedido que me fizeste: escrevo-te.

Ontem vi-te...Há tanto tempo que não te via... À medida que o tempo vai passando tento convencer-me que o encanto que produzes em mim é irreal, inexistente e nefasto. Esforço-me para racionalizar a tua pessoa em todos os teus aspectos. Não és assim tão bonita, charmosa, simpática, carinhosa, sexy, apelativa para que eu fique cativo por tanto tempo. Mas quando te vejo...lá se desvanece essa racionalidade que, por vezes, me daria tanto jeito e ali fico embevecido a olhar para ti. Até pode ser de longe, à distância, mas cada gesto teu, cada expressão, cada movimento, cada passo, causa um frisson no meu coração.

Assim que soube que passarias junto à minha janela, coloquei-me de alerta à tua espera. Porque não tenho assim tantas oportunidades de te ver passar. Vi-te...Estavas linda, nessa beleza que eu vejo mais do que os outros. O teu novo penteado – que te assenta muito bem – combina contigo e dá-te maior graça, essa graça com que eu decorei os meus sonhos. Os teus gestos, simultaneamente elegantes e trapalhões, são o charme que poucos percebem como eu. E o teu sorriso, misturado com esse olhar, traindo uma emoção que teimas em esconder, fala-me directamente a mim, mesmo que não queiras.

Gostava de te escrever para te contar que já não tens qualquer efeito sobre mim, que te tornaste vulgar, que eu finalmente estou livre do teu feitiço. Mas a verdade, minha querida, é exactamente o oposto de tudo isso. O meu Mundo, à medida que passas, ganha cores que só eu vejo, eu que passo os dias cinzento sem ti.

Já nada espero, já nada sonho, já me resignei. Podias ao menos passar por mim para colorir a minha vida...


Um convite irrecusável...

Tenho de te fazer um convite. Daqueles irrecusáveis a que não se pode dizer que não. Sei que desta vez não me desiludirás e não me deixarás, como tantas outras vezes, à espera de um sonho que nunca chegou. Desta vez sei que aceitarás o meu convite.

Queria te convidar para jantares comigo. Os dois. Um jantar romântico. Preparar-te-ei algo de especial, talvez bebamos um bom vinho, coloco uma música ambiente, umas velas, não sei. E depois deixaremos que esse ambiente reavive o Amor que ambos sentimos um pelo outro. Sim, sei que ainda o sentes, porque em mim ele é tão vivo que não o poderia ser se eu te fosse indiferente.

Obviamente teremos adereços à nossa volta, talvez até uns figurantes que não farão mais do que figura de corpo presente. Mas tu saberás, porque eu to farei sentir, que somos nós os protagonistas desse jantar, que somos nós as figuras de destaque, que apenas nós importamos, que apenas nós existimos. Tudo o resto são miragens nas nossas vidas. Os meus olhos fitarão os teus e apenas isso me interessará. E de nada te adiantará esconderes esses olhos de mim. De nada te ajudará fugires com o teu olhar para longe. Persigo-te. Perseguir-te-ei toda a minha vida. E talvez depois desta ainda te consiga perseguir. Algum dia hás-de cair nos meus braços.

Enquanto isso não acontece, espero pacientemente. De braços cruzados, olhos fechados, a sonhar. Só que neste jantar, ao qual não poderás faltar, voltarei a ter-te por perto. E de uma forma tão real quanto possível, acredita meu Amor, estarei finalmente feliz...

Beijos grandes

Do teu, sempre e eternamente teu...

Orfeu