Wednesday, December 28, 2005

Saudades de mim

Minha Querida,

Já aqui não estás. Já aqui não estás há tanto tempo…E, no entanto, apeteceu-me escrever-te. Acho que tive saudades tuas. Ou, para te ser o mais honesto possível, tive saudades minhas, de como eu era quando tu aqui estavas.

Desde que partiste, desde que me deixaste, tudo se tornou tão diferente, tão vazio, tão desprovido de sentimentos e de emoção. A cor e a luz quase que desapareceram da minha vida. O Sol lá fora brilha, mas cá dentro…é tudo tão cinzento, tão nublado.

Quando tu estavas ao meu lado, mesmo que nunca tenhas estado, eu vibrava a cada segundo da minha vida, cada fôlego dos meus pulmões era cheio de Alma. A vida, apesar de complexa, turbulenta, sufocante, era fremente, emotiva, viva…

E agora? Agora nem sequer tenho a mesma inspiração de outrora…Agora, enquanto te escrevo, as palavras custam a sair. Não escrevo com a mesma facilidade, não sinto com a mesma facilidade e intensidade. Mas porquê? Estaria todo este encanto preso à tua pessoa? Algo se apagou na minha Alma? Estarei condenado a viver desalmado o resto da minha vida?

Por isso decidi escrever-te. Queria recuperar a minha alegria, a minha fantasia, a minha paixão. Queria ser eu novamente, ou aquele que fui quando tu eras a minha musa inspiradora. Queria sentir em chamas o meu coração. Mas, quanto mais esforço faço para te rever, mais certezas tenho que já cá não estás. E, muito lentamente, me deixo cair…Para onde? Não sei…

Friday, September 23, 2005

Claro que ainda te Amo

Claro que ainda te Amo…E Amar-te-ei até ao último dos meus dias. E depois deste, continuarei a Amar-te…

Por mais que a vida, o mundo, a sociedade, todos juntos me afastem deste Amor e me levem para longe, não posso fugir ao meu mais íntimo e escondido sentimento. Sozinha, longe dos olhos e ouvidos das pessoas que não me compreendem, nem nunca compreenderão, Amo-te em silêncio, baixinho para ninguém ouvir. Nem tu, meu Orfeu, és capaz de perceber esse sentimento. Mas eu sinto-o, ardente dentro da minha Alma, a queimar-me por dentro, mas aquecendo os meus sentidos e dando uma estúpida razão à minha vida.

Claro que ainda te Amo…Mesmo que saiba que estou obrigada a guardar esse Amor só para mim, que o partilharei apenas comigo mesma, que não o confessarei a ninguém.

Mas isso nunca poderá diminuir a intensidade, o peso, a força e o valor deste Amor. Antes pelo contrário…Eu Amo e não quero Amar. Longe de ti, das tuas palavras, dos teus olhos, das tuas mãos que quase me tocam sem me alcançar, do teu Amor, de que me serve Amar assim? Mas Amo…Não porque queira, mas porque este Amor já fugiu de mim. Já não é apenas o Amor que eu tenho. Tornou-se algo que me supera e supera a minha própria vontade…

Claro que ainda te Amo…Em sonhos, nas minhas mais loucas e absurdas fantasias. Num Mundo que criei só para nós dois e onde somos felizes. E esse Mundo, que teoricamente não passa de uma ilusão, é muitas vezes o meu refúgio, o meu canto, o lugar onde posso ser verdadeiramente eu. Lá, não me escondo de nada. Lá, nada temo. Lá, sinto-me em Paz, mesmo que euforicamente apaixonada…

A chamada realidade é apenas um dos universos em que vivemos. Apenas nesse não te posso Amar. Apenas nesse não te digo a toda a hora que te Amo. Apenas nesse não sou capaz de te fazer feliz. Desejo, sonho e acredito que naquele Mundo que eu inventei, não para mim mas para nós dois, sou capaz de te fazer feliz…Quem me dera ver-te feliz…

Thursday, July 07, 2005

Sem título

Amei-te…Sem te ver
Beijei-te…Sem te tocar
Abracei-te…Sem te ter
Perdi-te…Sem te deixar

Procuro-te na ilusão
De um dia te poder encontrar
Encontro-te no coração
Porque não mais deixei de te Amar

Mas solitário olho o Mar
Numa eterna nostalgia
Desaprendi a voar
Ou voou para longe quem eu mais queria…

Tuesday, April 05, 2005

Amar em Sonho

Eurídice (és a única Eurídice que eu conheço…),

Ontem escrevi-te…De uma forma sui generis, mas escrevi-te…Como noutros tempos pus o meu sono de lado e dediquei-me a ti, deixando que as palavras que me iam saindo traduzissem, ou tentassem traduzir, um pouco do que o meu coração nem sempre sabe ou pode dizer.

Deitei-me contigo na Alma e assim acordei…Não sei o que se terá passado enquanto sonhava. Não sei se também me acompanhaste nos sonhos. Sei que o meu coração tinha uma esperança secreta de ter algum retorno. Tinha esperança de chegar aqui e poder ler algo teu. Mas nada…Nada tinha mudado…O silêncio continua o mesmo…O Mundo continua o mesmo…

Após alguma desilusão…que confesso…lembrei-me que me havias dito que viajarias. Fiquei mais aliviado…Só que por dentro continuo com uma sensação de vazio, ao sentir que tu não és mais do que uma ilusão que eu mesmo criei. Mas eu queria tanto que fosses real…Gostava tanto de ter a certeza que existes e não foste apenas um sonho bonito que acabou quando me obrigaram a acordar. E eu não queria acordar. Se era um sonho que me fazia feliz, porque diabo esta vida infeliz, mesmo que acordada, deve ser melhor. Antes me deixassem adormecido, mas que eu pudesse olhar para ti e ver-te…

Assim…Vejo um fantasma, vejo uma névoa e convenço-me que a vida nunca mais terá o mesmo sabor…

Um beijo grande

Friday, March 11, 2005

A água no deserto...

Nem sequer me apercebi que estavas por perto,
Mas o meu coração, feito um deserto
Sedento de água para florir
Deixou-se levar pelo incerto
E ficou indefeso, nú e descoberto
Como que enfeitiçado quando te vi a sorrir

Sorrindo, fizeste-o sonhar
Sonhando, fizeste-me acreditar
Que o Amor tudo venceria
Vi-me então a esvoaçar
Abraçando os teus braços no ar
Na mais pura e sincera alegria

Esquecera-me eu, tão inocente
Que nem sempre o Amor é uma nascente
Que leva a um final feliz
E quando fugiste tão de repente
Secou o meu coração novamente
E bater? Já não quis

Porque esse encanto que trouxeste contigo
E que hoje eu carrego comigo
É mais do que uma simples paixão
Pois quero ser eu mas não consigo
O meu coração não ouve o que eu digo
Sem ti é só desilusão

Monday, February 21, 2005

Dor calada

Pedes-me para calar a dor que estala agora em meu peito.
Ironia da minha vida, já nem a gritá-la tenho direito?
Terei de sofrer então toda esta angústia bem calado?
E viver o resto da vida com o coração amordaçado?

Ou acreditas que é possível fingir?
Olhar em frente e apenas sorrir
Quando esse silêncio que me pedes só me traz dor
Dor de quem se vê obrigado a calar o Amor.

Só que o Amor, minha querida, nunca se cala
Ele é a voz do coração…que nunca fala
Ele sou Eu, Ele é aquilo que me faz viver
Com Ele calado será tudo um lento adormecer

Por isso perdoa-me se acaso me ouvires a gritar
De dor, de prazer, por sofrer, por te Amar
Esses gritos são a única prova que na minha Alma ainda há vida
Que ainda há esperança para mim, que ainda existe uma saída

Se eu parar de sentir, se eu esquecer o sofrimento
Seria como se deixasse o Amor ser levado p’lo vento
E aí então nada mais faria sentido
Talvez não estivesse infeliz, mas estaria certamente…perdido