Wednesday, November 28, 2007

Escreve-me...

Minha Querida,

Escrevo-te a medo. Ando há tanto tempo perdido que temo já não saber sequer escrever. Desencontrei-me entre a realidade em que já não vives e o sonho que eu construí para nós dois e onde vagueio sozinho. E fui calando as palavras cá dentro, empurrando-as para impedi-las de me atormentar.

Calei palavras de Amor para não sofrer, engoli a dor para tentar sorrir, escondi sonhos para não acordar. Fingi, sobretudo fingi. Passeei incólume no mundo sem me preocupar com o que parecia não sentir. Mas cá dentro uma voz persistia em falar. Voz essa que, apesar dos meus esforços para não a ouvir, é a minha verdadeira voz.

O problema, meu Amor, é que de tanto calar aquilo que eu tenho de escrever, dizer, sentir, acabei por desaprender e hoje não sei se o consigo voltar a fazer. Por isso te escrevo. Porque preciso de ti. Porque preciso da tua ajuda. Porque preciso de todo o teu sentimento, de todo o teu Amor. Preciso que me ensines a sentir. Preciso que me ajudes a desprender todas as palavras que, por tua causa, calei. Preciso que extraias do fundo da minha Alma todos os sentimentos que agora me sufocam e estrangulam.

Espero-te... Qual criança que espera o concretizar de um sonho, como um cão que aguarda a chegada do dono, como uma flor que anseia pela chuva que a faça crescer.

Fecho os olhos... e sonho.

4 comments:

Anonymous said...

Já tinha saudades do meu querido poeta ... é bom sentir que estás de volta com o MESMO sentir ...
Uma beija
Inês Castro

Anonymous said...

Mais uma vez... sinto que te conheço, pela forma como escreves.

Ana

Poeta Aprendiz said...

Querida Inês, também eu sinto a tua falta...

Quanto a ti, misteriosa Ana, talvez me reconheças dentro de ti própria. Sei lá eu. Também não sei quem és...

Anonymous said...

Estava com muitas saudades tuas querido poeta...que bom é ter-te de volta, com o teu sentir único e incomparável.
Uma B`joka
Maria Rodrigues