Wednesday, December 23, 2009

Onde há muito sentimento...

Onde há muito sentimento, há muita dor…Leonardo da Vinci

Amor,

Em tempos, não muito idos, mostrei-te esta citação - que dizem pertencer ao Leonardo da Vinci - e guardei-a, com o mesmo carinho com que guardo as coisas que mais me falam ao coração. Na altura, apesar de triste, achei-a bonita. Tu sabes bem como eu consigo (ou tento) ver a beleza até nos momentos mais tristes. Do outro lado, tu quase que nem a quiseste ver, talvez farta de tanta tristeza à tua volta.

Hoje, ao olhar para a mesma frase, apesar de ainda a achar bonita, sou levado a concentrar-me na dor que agora ocupa a minha vida. Não imaginei que ainda pudesse sofrer assim. Achei que já tinha superado tanta coisa que o meu coração estava treinado, preparado, forte e seguro para qualquer embate. Não estava. Não estou…

Tolice a minha pensar que estamos preparados para um desgosto de AMOR. Quando se AMA, assim…com letras grandes, tudo ganha novas proporções, as coisas boas e as menos boas (quero crer que no AMOR não há coisas más…). Se tocamos o céu com as pontas dos dedos, se voamos, se chegamos lá onde mais ninguém chega, o reverso da medalha afunda-nos num buraco negro, num vazio desprovido de sentido, numa angústia, num desespero tal que só nos apetece por fim a tudo. É desse buraco que te escrevo, sem te escrever…

Se, por algum acaso, leres estas minhas palavras, perdoa-me desde já a minha fraqueza, perdoa-me o facto de não conseguir esperar, em silêncio, que a tormenta passe. Tu sabes como os silêncios me cortam, como o vazio me assusta, como sem ti me sinto perdido. Escrevo, como quem fala. Escrevo, como quem confessa a algo ou a alguém que se sente sem nada. Escrevo, como se tivesse a certeza que lerias estas palavras e que, lendo-as, me abraçarias de longe, sem que eu te visse, sem que nos cruzássemos. Como se pudéssemos nos Amar em silêncio, na distância e na ausência. Tu sabes como eu acredito em coisas parvas…

Neste momento sinto-me uma pálida sombra de mim mesmo. Como se me tivessem retirado toda a cor, todo o brilho e toda a luz e eu me limitasse a ser uma foto velha a preto e branco que anda por aí sem fazer falta a quem quer que seja. Porque tu eras a cor, o brilho e a luz que, me encantando, me devolvia à vida. Sem ti…nada. Sem ti…nada.

E, no entanto, sinto cá dentro um AMOR tão forte, um coração tão grande. Neste momento a dor comanda, mas o AMOR que me deste, o AMOR que me transmites, o AMOR que ainda nos une é ainda maior do que tudo resto. Por isso, entre as lágrimas que teimo em não chorar (hoje chorei um pouquinho) ainda sou capaz de sorrir e, orgulhoso (de mim, de ti, de nós…), dizer-te (sem te dizer): AMO-TE. MUITO, MUITO, MUITO.

1 comment:

Unknown said...

Estou lendo pela primeira vez, é Lindo, perfeito!