Thursday, July 10, 2008

Pilhas de palavras

Minha Querida,

Ontem pus-me a pensar na pilha de cartas que te escrevi, nos milhares de milhões de palavras que eu procurei para chegar até ti, na forma como as juntei, pedacinho a pedacinho, para que fizessem sentido, para que conseguissem (algum dia conseguiram?) mostrar-te o que sinto, para que soubesses que estou aqui, sempre estive e sempre estarei. Para além de toda essa profusão de sentimentos que, mal ou bem, coloquei no papel, no email, na carta, no meio que foi o mais apropriado, escrevi ainda, na minha cabeça e no meu coração, inúmeras cartas que, por falta de coragem, por pudor, vergonha, descrença, sei lá, não deixei que saíssem de dentro de mim. Mas senti-as... Sinto-as...

Em todos esses gestos, quer nos exteriorizados, quer nos interiorizados, coloquei toda a minha Alma. Sei que pode ser difícil acreditares no que te digo, mas em nenhum desses momentos fui falso, fingido ou exagerado (se sou, será apenas pela minha própria natureza). Abri, escancarei, dissequei a minha Alma para que pudesses debicá-la migalha a migalha, para que pudesses sorvê-la aos poucos, mas por inteiro, para que pudesses ler tudo aquilo que nem sequer chego a escrever.

Não faço a mínima idéia se fui bem sucedido nesta tarefa. Se me entendeste, se foste capaz de sentir algo do que te quis transmitir, se percebeste, enfim, o quanto te Amo. Talvez nem fosse essa a minha intenção. Talvez o tenha feito pela suprema necessidade de libertar um fogo que me vai consumindo por dentro. Aqui sei que falhei, pois esse fogo jamais é extinto ainda que temporariamente aplacado.

E ontem... Ontem pensei em todas as palavras, quase que as vi enfileiradas na minha frente à espera que eu lhes desse uma ordem, à espera que eu as libertasse para a grandiosa tarefa para a qual está destinadas. E parei por uns segundos, minutos, horas, não sei, e fiquei sem saber o que lhes dizer. E, pior, o que fazer delas?

São muitas as ocasiões em que as maldigo – em segredo para não as melindrar – pelo peso que colocam na minha Alma e na minha vida. Por vezes renego-as ao ponto de me imaginar a trocar todas, todas mesmo, por um breve e singelo beijo teu. Mas acabo rendido à sua força e ao seu poder e junto-as novamente, uma a uma, para que através delas te possa abraçar, tocar, beijar, acariciar preencher, possuir e, acima de tudo, Amar.

5 comments:

Sha said...

E tantas vezes, escrever ora nos inunda de energia... ora nos deixa prostrados por nos retirar as forças até ao último fôlego.

Pilhas de palavras feitas pilhas... novas ou gastas.

Beijo
Sha

Anonymous said...

Meu Anjo,

Não te arrependas das palavras que escreveste, todas senti...como beijos de um anjo que me guia, me vigia, me acarinha, me protege, me embala a alma nos sonhos em que os nossos corpos se encontram, se atraem, se colam, se saciam em loucura de paixão, em ternura de um amor profundo, eterno, verdadeiro.

Trago-te em mim, sei-te de cor, sinto o toque das tuas mãos que me abraçam, que me afagam os cabelos, sinto o calor e a doçura dos teus beijos, que me apagam as tristezas, as mágoas de uma vida trocada, de caminhos perdidos, deste sentimento louco de um dia acordar em terra firme da vida, sem medos, sem dúvidas...porque estás lá, és tu, somos nós, num só, com a certeza sentida de não mais nos separarmos...neste ou em qualquer outro Universo.

Recolhe as tuas letras e solta-as ao vento no meu jardim...esse vento que te levará o som do meu coração e o murmúrio dos meus sonhos...

E leva-me, adorado Romeu, leva-me por fim...

J.(Com muita saudade)

Anonymous said...

Meu querido,

Aos poucos encontro-te nas páginas que escreveste no livro da eternidade, com o fogo desta paixão, que queima o peito e alimenta a alma, de uma forma estranha, sem regras, louca, mas terrívelmente doce, sensual e pura!

Esta noite, nós sonhámos!
Dormimos, o teu corpo protegendo o meu, mais frágil, sensível.
Adormecemos, embalados na música perpétua de que somos feitos e dela colhi as palavras que te escrevo e devolvo, com todo o meu amor!

Amo-te. J. (E é por isso que te escrevo)

eu said...

Sabes é bom dizer palavras... dizer o que nos vai na alma e no coração, nunca é em vão as palavras que se nos soltam ou fogem, é sim uma pena aquelas palavras que vêm tão de dentro que não as conseguimos juntar para dizer mais ainda... como te entendo.

Anonymous said...

"Nas relações amorosas o único sentimento que não funciona é o da piedade. Quando é o caso de que se devesse manifestar, o que surge não é a piedade mas o asco ou a irritação. Eis porque em relação alguma se é tão cruel. Todos os sentimentos têm o seu contraponto. Excluída a piedade, a crueldade não o tem. Por experiência se pode saber quanto se sofre quando não se é amado. Mas isso de nada vale quando se não ama quem nos ama: é-se de pedra e implacável. Decerto, tudo se pode pedir e obter. Excepto que nos amem, porque nenhum sentir depende da nossa vontade. Mas só no amor se é intolerante e cruel. Porque mostar amor a quem nos não ama rebaixa-nos a um nível de degradação. E a degradação só nos dá lástima e repulsa. A única possibilidade de se ser amado por quem nos não ama é parecer que se não ama. Então não se desce e assim o outro não sobe. E então, porque não sobe, ele tem menos apreço por si, ou seja, mais apreço pelo amante. O jogo do amor é um jogo de forças. Quanto mais se ama mais fraco se é. E em todas as situações a compaixão tem um limite. Abaixo de um certo grau a compaixão acaba e a repugnância começa. Assim, quanto mais se ama mais se baixa na escala para quem ao amor não corresponde"

meu querido poeta quando li esta reflexão de Verigílio Ferreira lembrei-me de ti ...

é dificil aceitar que o amor deva ser um jogo ... acho que não é justo fechar aquilo que nos vai na alma, não permitir o coração falar o que sente ... não sermos nós para sermos amados .... que amor é esse ? eu quero ser maada por aquilo que sou, e não por aquilo que estou a representar ... eu quero ser amada pelo meu EU e não pela que cumpre as regras do jogo ...

tu melhor do que ninguém falas tudo o que sentes, fazendo sentir quem te lê ... a minha dúvida quando te leio está se esse sentir seria possivel com uma Julieta presente .... porque parece que também fazem parte das regras de amar, o sofrimento !!! Só é possivel amar uma Julieta ausente ???

Afinal, há ou não um jogo no amor ???

eu (quero) acredito(ar) no AMOR ...mas, a sombra desse jogo faz-me vacilar muitas vezes !!!

que tens a dizer meu poeta ??

big beija
Inês de Castro