Minha Querida,
Hoje sinto uma necessidade enorme de te escrever. Mais do que te dar notícias, mais do que te contar alguma novidade – que não há – mais do que tentar saber de ti, tenho de te escrever. Tenho de tentar usar as palavras para suprir a falta que me fazes.
Escrevo-te porque não tenho a tua boca ao alcance da minha, porque os teus olhos não fitam os meus, porque as tuas mãos não me conseguem segurar, porque o teu corpo não me serve de abrigo. Nem sequer ao som da tua voz eu tenho direito.
Restam-me as palavras – estás em todas elas – para te trazer de novo para mim. Cada letra que eu escolho, cada palavra que se forma, cada frase que se cria, não é mais do que algo que o meu coração sente, mas não sabe dizer. E se soubesse não encontraria porventura palavras que fossem suficientemente fortes para ilustrar tudo o que eu sinto.
Mas a míngua retira-nos toda e qualquer exigência que pudéssemos ter. Resignamo-nos ao pouco que nos dêem, aceitamos de bom grado e sem orgulho as poucas migalhas que sobejem de outras refeições.
Assim, muito embora eu trocasse todas as palavras da minha vida por apenas um beijo teu, aceito sonhando as palavras que me levam até ti.
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