Não penses que desaprendi a
escrever. Que já não sei desenhar letras, montar palavras, construir frases.
Sei tanto quanto sabia quando as palavras fluíam na minha vida. Talvez saiba
ainda mais hoje. Talvez, por isso, não escrever seja uma decisão deliberada.
Uma opção de vida.
Não quero mais ouvir as minhas
palavras. Não quero compreender o que me tentam dizer. Todas as palavras têm o
teu nome inscrito. Mesmo aquelas que nada têm a ver contigo. E em todas as
palavras – as minhas, claro – está implícita a tua partida, a minha solidão, a
nossa saudade.
Se eu não as ouvir, talvez não
as sinta. E não as sentindo, talvez me esqueça. E esquecendo-me, pode ser que
consiga respirar. Para poder viver…
Se eu as ouvir, terei de lhes
explicar os porquês da vida. Os porquês da tristeza. Talvez até tenha de lhes
dar um rumo. Mas eu nem sequer sei qual é o caminho! Como poderei eu responder
aos porquês da vida?
Deixem-me estar no silêncio
pacato de quem não sabe o que quer. Se eu não as quero ouvir, que me deixem em
paz. Triste por triste, prefiro ficar triste por não escrever, do que triste
por descobrir que tudo em mim falhou…
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