Ganho coragem. Escrevo-te. Sem que saibas quem sou, mas apenas o que procuro. Procuro o teu olhar mais íntimo, procuro o teu segredo mais escondido, procuro o Amor que guardas dentro de ti.
Não sei o que encontrarei. Não sei se os olhos que agora me lêem – lindos por fora – mudam de expressão, vibram, brilham por dentro, tornando-te irradiante. Gostaria que assim fosse, mas não sei se tenho esse poder, se posso ousar ter este desplante de te tocar.
Mas procuro-te. Ansioso como o explorador que faz a sua primeira descoberta. Ingênuo como a criança que se descobre. Sequioso como o animal que, sedento, ignora os perigos para poder chegar junto da água. Sonhador...como eu sou...
Angustia-me um pouco não ter respostas a esta minha carta – como me poderias escrever se eu não existo? – mas mais me angustiava não ser capaz de te escrever.
Repouso agora, ainda que te procure...
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